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Repressão na Coreia representa apoio tácito ao bitcoin: Gadfly

Tim Culpan

14/12/2017 15h34

(Bloomberg) -- Se você não pode vencê-los, regule-os.

Este parece um bom mantra para governos de todo o mundo que tentam entender esse tamagotchi das finanças mais conhecido como bitcoin.

A Coreia do Sul é o último país a propor medidas para criptomoedas depois que a disparada das negociações começou a soar alarmes. Os cidadãos locais estavam pagando cerca de 30 por cento a mais do que seus pares estrangeiros pelo bitcoin, o que pode ter provocado a medida. Outro fator pode ter sido o surgimento de uma bolsa sul-coreana, a Bithumb, que se tornou a segunda maior plataforma de negociação do mundo.

Em vez de repressor, o interesse de Seul nos mercados de criptomoedas deve ser encarado como um apoio tácito.

Entre as medidas propostas há mecanismos de proteção para os investidores, incluindo a obrigação de divulgação de diferenciais entre oferta e demanda e dos volumes negociados. A proibição de negociação imposta a instituições financeiras, menores de idade e estrangeiros também é uma possibilidade, informou Kyungji Cho, da Bloomberg, na quarta-feira.

Abordei anteriormente a questão da regulação e da aceitação e vi muitas reações dos anarquistas. Por isso, espero receber uma enxurrada de mensagens de ódio quando eu sugerir que a tributação das criptomoedas pode ser positiva para esse novo veículo financeiro (vamos lá, libertários, não me decepcionem).

O motivo é que tributação equivale à legitimação, e legitimação significa apoio governamental. Esse apoio, por sua vez, significa uma aceitação maior.

Se você é um libertário que detesta os governos, adora a liberdade e não gosta da minha tese, pergunte a si mesmo se você apoia a legalização da maconha. Ótimo, foi o que pensei. Um dos maiores argumentos feitos pelos defensores da erva é que legalizar significa regular e tributar, o que ajuda a economia da maconha a sair das sombras e a se distanciar do crime organizado. Até porque a criminalização não estava ajudando muito a impedir o uso.

Maconha não é bitcoin. Ainda não existe uso medicinal para a criptomoeda, embora ela tenha ajudado muita gente a alucinar. Mesmo assim, os conceitos principais se aplicam.

Sabemos que legalização e legitimação governamental não são requisitos para que as criptomoedas sejam atraentes. Muitos dos países que reprimiram o bitcoin registraram picos nas transações. Mas o fato de a maconha já estar disseminada não tem sido um argumento muito forte contra a legalização.

Arrisco-me a dizer que o consumo de maconha está muito mais difundido que a negociação de bitcoin (não, não tenho qualquer evidência, nem tolero o consumo de maconha).

Então talvez a medida da Coreia do Sul seja o caminho certo, e mais governos devam seguir o exemplo. O bitcoin não deveria ter a chance de desfrutar do mesmo barato?

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.