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Por que você não conhece esse artista amado pelos investidores?

James Tarmy

15/12/2017 16h16

(Bloomberg) -- O pintor Michael Krebber, que nasceu na Alemanha e mora em Nova York, é apoiado por um time dos sonhos de negociantes e colecionadores.

Sua obra, que brinca com a história da arte ao desafiar as percepções sobre o aspecto de um quadro (ele pintou texto de páginas da web, fez pinturas que parecem rabiscos ou inacabadas), é representada por uma série de galerias que parece um checklist da Artforum Critics' Picks: Greene Naftali, em Nova York, Chantal Crousel, em Paris, Dépendance, em Bruxelas, Galerie Buchholz, com unidades em Berlim, Colônia e Nova York, e Maureen Paley, em Londres.

Sua base de colecionadores, por sua vez, é prestigiosa, discreta e fervorosa: "Acho que o grupo de colecionadores que compram obras dele é incrivelmente fiel", diz a assessora Eleanor Cayre, que coleciona obras de Krebber. "Este grupo parece aumentar cada vez mais, particularmente agora que vemos muitos museus e instituições entrando no páreo."

Apesar do pedigree, Krebber continua surpreendentemente não-detectado, quase um desconhecido para o mundo da arte em geral e mais ainda para o grande público.

"Ele é um artista significativo e entra em uma categoria normalmente chamada de 'pintores de pintores'", diz o assessor de arte Allan Schwartzman, que vendeu obras de Krebber a vários clientes. "Quer dizer que o pintor é reverenciado por outros pintores, mas pouco conhecido por colecionadores."

Há sinais de que a situação está prestes a mudar. Neste ano, uma exposição significativa da obra de Krebber viajou do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, Portugal, para o Kunsthalle Bern, na Suíça. Um catálogo raisonné, que é uma compilação de cada obra feita pelo artista, está sendo elaborado.

Mais revelador ainda é o fato de que, após algumas décadas lentas do mercado de leilões, a obra de Krebber -- embora ainda comparativamente acessível frente aos resultados milionários de seus pares -- começa a subir de preço. Atualmente, é possível comprar uma pintura dele por dezenas de milhares de dólares e um desenho por menos de US$ 10.000.

"Afinal, qual pintor que vem trabalhando há 30 anos -- e que seja tão influente quanto Krebber - poderia-se comprar por menos de US$ 100.000?", diz Pierre Orlowski, negociante e colecionador em Londres. "Em 10 anos, você verá Krebber vender obras por um milhão de dólares."

Krebber nasceu em Colônia, Alemanha, em 1954, e estudou pintura na Akademie der Bildenden Künste em Karslruhe, também na Alemanha. Foi assistente nos estúdios dos artistas alemães Martin Kippenberger e Georg Baselitz. Os apoiadores de Krebber muitas vezes se referem a essas afiliações tanto para provar seu pedigree quanto para ressaltar a grande diferença entre os preços deles e os de Krebber.

Mas, ao contrário dos pintores alemães mencionados, os quadros e desenhos de Krebber geralmente são minimalistas e, às vezes, inescrutáveis. Uma série recente que teve grande procura é o conjunto de pinturas chamado "Snail", que em alguns casos consistem em apenas uma linha. Outras séries dão a estranha sensação de pinturas (muito) abstratas e inacabadas.

Essa é a ideia, diz Greene. "Para Krebber, a pintura é uma performance", diz ela. "É incrivelmente arriscado colocar duas marcas de tinta em uma tela e chamar aquilo de pintura." O que para alguns pode parecer difícil de entender, acrescenta, é na verdade produto de escolhas cuidadosas e deliberadas do artista. "Há algo a ser dito em favor da humildade", diz ela. "E reter marcas transmite um tipo diferente de experiência".

"Ele é um pintor que fez sucesso tirando o máximo do mínimo", diz Orlowski. "Ele criou esta estética inacabada."