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Abundância manterá trigo barato, diz maior exportadora da França

Isis Almeida

20/12/2017 14h31

(Bloomberg) -- Os preços do trigo devem continuar estagnados porque a produção global continua aumentando, o que limita a volatilidade e as oportunidades do trading, segundo o grupo de cooperativas InVivo, maior exportador de grãos da França.

Os preços provavelmente continuarão baixos por mais um ano devido ao aumento contínuo da produção na maior exportadora, a Rússia, e ao retorno da Argentina, disse o CEO Thierry Blandinières, em entrevista, na apresentação de resultados da empresa, em Paris, na terça-feira. O trigo francês ainda está caro demais para competir com o grão russo e o país precisa reduzir essa diferença de alguma forma, disse ele.

Os futuros do trigo negociados na Euronext, em Paris, caminham para o quinto ano de declínios, maior sequência de perdas do histórico desde 1999, em parte devido à abundância global. Os baixos retornos do grão levaram a InVivo a cortar postos de trabalho em sua unidade de trading no início do ano e a empresa procura também uma diversificação com o trading de milho e soja a partir dos escritórios do Brasil e de Cingapura.

"O momento é muito difícil porque há muita produção e os preços estão baixos", disse Blandinières. "A Rússia, enquanto mercado, é nossa principal preocupação", disse ele, acrescentando que o retorno da Argentina ao mercado de exportação também não ajuda.

Atualmente, a InVivo conta com 15 pessoas no escritório de São Paulo e recentemente reformulou a equipe de Cingapura, agora com 10 funcionários, disse. A empresa contratou Guru Prasad Pandit, da Cofco International, o braço de trading da maior empresa de alimentos da China, como diretor-gerente da unidade de trading da Ásia, disseram pessoas familiarizadas com o assunto no mês passado.

Há mais oportunidades nos mercados da soja e do milho porque a demanda chinesa continua crescendo, disse Blandinières, que também destacou o aumento do consumo na África. A unidade de trading da InVivo, excluindo o setor de logística, sofreu prejuízos no período de 12 meses encerrado em 30 de junho devido à safra de trigo ruim na França e às condições de mercado difíceis, disse ele, sem fornecer números. A receita da divisão caiu 30 por cento, para 1,6 bilhão de euros (US$ 1,9 bilhão).

A empresa está investindo em seu negócio de insumos agrícolas, agora conhecido como Bioline, e poderá levantar 50 milhões de euros para financiar a expansão da unidade, disse ele. A divisão inicialmente se concentrará na Europa e no Brasil, onde a empresa planeja replicar uma estratégia já usada na França, de trocar sementes e insumos por grãos, disse ele.

A InVivo está se diversificando também em áreas como vinho e jardinagem. A empresa quer se tornar uma das 10 maiores empresas de vinhos do mundo, disse Bertrand Girard, chefe da unidade de vinhos da empresa, no evento da companhia, em Paris, nesta quarta-feira.

A França provavelmente exportará entre 17 milhões e 18 milhões de toneladas de trigo na safra 2017-2018, que começou em julho, sendo que cerca de 10 milhões de toneladas serão enviadas a países de fora da União Europeia, disse Blandinières. A InVivo, que deve responder por pelo menos um terço dessas exportações, estima também que cerca de 15 por cento do volume de trading de grãos virá de fora da França, disse ele.

Para esta safra na França, a InVivo lançou a plataforma de trading InGrains, que agrega as ofertas de suas cooperativas de forma gratuita e depois revende o grão às traders. A empresa tira uma comissão de cerca de 1 euro por tonelada para o grão negociado por meio da plataforma, disse o CEO.