China envia a Davos `cérebro' por trás da reforma econômica
(Bloomberg) -- Ao assumir o púlpito em Davos, nesta quarta-feira, Liu He, um tecnocrata que estudou em Harvard, terá sobre si um pouco mais das atenções recebidas desde a ascensão ao principal órgão político da China, no ano passado.
Um dos principais conselheiros do presidente Xi Jinping, Liu é o representante da China no Fórum Econômico Mundial, evento anual realizado nesta semana. A visita -- que termina com o discurso no evento, nesta quarta-feira -- provavelmente será a primeira de muitas aparições destacadas desse sobrevivente da Revolução Cultural que, aos 65 anos, poderia se tornar o braço direito de Xi para a economia e o sistema financeiro da China.
Conhecido no país por conduzir políticas dos bastidores, Liu é visto pelos analistas como herdeiro aparente do vice-premiê Ma Kai, responsável por um novo supercomitê encarregado de comandar a repressão ao risco no setor financeiro, mas que deverá se aposentar em breve.
Liu, que foi nomeado em outubro para o Politburo, formado por 25 membros, surge como sucessor natural dele no momento em que a China busca abrir seus mercados domésticos e acabar com anos de empréstimos desenfreados.
"Liu será uma espécie de versão chinesa da combinação entre Larry Summers e Ben Bernanke, além de presidente do conselho econômico do presidente", disse Shen Jianguang, economista-chefe para a Ásia da Mizuho Securities Asia em Hong Kong. "Ele não apenas supervisionará os mercados financeiros como um todo, o que inclui política monetária e supervisão financeira, mas também as políticas fiscais e de reforma relevantes."
Liu é "o cérebro" por trás das reformas do lado da oferta para reduzir o excesso de capacidade e dar impulso às forças do mercado, e será figura fundamental na definição da política econômica nos próximos cinco anos, disse Shen.
Mais acostumado a desempenhar um papel nos bastidores em seu trabalho atual de chefe de um escritório do Partido Comunista focado em assuntos financeiros e econômicos, o discurso de Liu surge um ano após a defesa de Xi à globalização em Davos, logo depois de Donald Trump assumir a presidência dos EUA.
Membro do círculo íntimo de Xi, Liu ajudou a guiar a política econômica chinesa como diretor do Grupo de Liderança Central para Assuntos Econômicos e Financeiros, comandado pelo presidente. Foi também vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, o principal órgão de planejamento econômico do governo.
Considerando que os níveis de dívida de toda a economia se aproximam do triplo da produção anual, composta principalmente por uma rede complexa de empréstimos corporativos e familiares, a principal tarefa da China daqui para a frente é diminuir sua dependência em relação ao crédito sem criar um colapso nos valores dos ativos, o que prejudicaria seriamente a economia.
Liu provavelmente desempenhará papel fundamental nisso, diz James Stent, autor do livro "China's Banking Transformation: The Untold Story", que acumula mais de uma década de atuação em conselhos de bancos chineses. "Está claro que Liu He será poderoso na definição da estratégia econômica, seja como vice-premiê, seja com qualquer título que lhe concederem", disse.
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