IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Fumar maconha não impede contratação em concessionária dos EUA

Jennifer Kaplan e Jamie Butters

29/01/2018 13h19

(Bloomberg) -- A maior rede de concessionárias de automóveis dos EUA está mais tolerante com quem fuma maconha.

A AutoNation deixou de se recusar a contratar candidatos cujo teste de drogas dê positivo para maconha, disse o CEO Mike Jackson em entrevista. A mudança, que, segundo Jackson, foi realizada em sigilo há dois anos, mostra que as práticas de contratação do setor corporativo dos EUA estão evoluindo juntamente com o status legal da erva.

"Os candidatos cujo teste para maconha desse positivo não podiam ser contratados por nossa empresa", disse Jackson, 68. "Em determinado momento dissemos: 'Quer saber? Isto está errado.'"

A AutoNation ainda barrará pessoas cujo teste dê positivo para outras drogas ilegais, como cocaína, disse Jackson. A empresa com sede em Fort Lauderdale, Flórida, em grande parte controlada pela Cascade Investment, de Bill Gates, e pelo bilionário de hedge funds Edward Lampert, emprega 26 mil pessoas.

A AutoNation pode representar a primeira onda de uma tendência iminente em um momento em que a maconha se torna mais socialmente aceitável e em que as empresas competem por trabalhadores no mercado de trabalho mais disputado em 17 anos nos EUA.

Uma pesquisa da Gallup realizada em outubro apontou que 64% dos americanos estão a favor da legalização, maior fatia desde que a empresa começou a fazer essa pergunta, em 1969, quando a erva tinha apenas 12% de apoio.

"As empresas admitem que não fazem verificações para o consumo de bebidas alcoólicas", disse John Challenger, cofundador da Challenger, Gray & Christmas, empresa de recrutamento com sede em Chicago.

"Então, por que fariam para a maconha? Com o aumento e a intensificação da guerra por profissionais, já não faz sentido excluir todo um segmento de candidatos por algo que simplesmente perdeu a relevância."

O negócio da maconha legalizada nos EUA deverá chegar a US$ 50 bilhões em 2026, contra US$ 6 bilhões em 2016, segundo o banco de investimentos Cowen & Co. Oito estados e o Distrito de Columbia legalizaram a erva para todos os adultos, e 29 estados permitem o uso medicinal.

Com a legalização em mais estados -- Vermont o fará em julho --, mais funcionários estão apresentando resultado positivo nos testes de drogas, segundo relatório da Quest Diagnostics divulgado no ano passado. Os resultados positivos para maconha aumentaram cerca de 75 por cento de 2013 a 2016, mostrou o estudo. Os resultados se basearam em mais de 10 milhões de testes de drogas.

A maconha continua ilegal segundo a legislação federal do país, e o procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, antigo opositor da legalização, cancelou neste mês políticas da era Obama que permitiram o desenvolvimento dos setores estaduais de maconha legalizada. O temor de repressão federal iminente tem perturbado o setor.

Com toda a incerteza em torno do status legal da maconha, muitas empresas provavelmente escolherão manter a postura atual. A Restaurant Brands International, dona do Burger King, não modificou sua política corporativa para a maconha, disse o CEO Daniel Schwartz. E a Ford Motor ainda trata a planta como uma droga ilegal, segundo uma porta-voz da empresa.

--Com a colaboração de Craig Giammona e Keith Naughton

Princípio ativo da maconha pode ser eficaz para combater alcoolismo

Band News