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Gordura voltou e produtoras de manteiga premium tomam dianteira

Jason Gale

22/02/2018 12h19

(Bloomberg) -- Os consumidores não apenas estão comendo mais manteiga, como também estão dispostos a pagar mais caro por ela, o que está gerando grandes ganhos para as fabricantes de marcas de alto padrão.

As vendas globais de manteiga no varejo crescerão 2,9% em 2018, para US$ 19,4 bilhões, superando o crescimento de 1,9% do volume de vendas, segundo a Euromonitor International. A tendência está estimulando a expansão de marcas internacionais que se beneficiam com a opção dos consumidores por gorduras mais naturais, segundo Raphael Moreau, analista de pesquisa sênior da firma de pesquisa em Londres.

A demanda de manteiga, creme de leite e outras commodities ricas em gorduras derivadas do leite aumentou depois que a percepção dos consumidores foi influenciada por estudos que mostravam os riscos menores à saúde com o consumo de gorduras lácteas e os efeitos prejudiciais das gorduras trans alternativas, informou o Departamento de Agricultura dos EUA em relatório de 14 de fevereiro. A situação está respaldando os preços, que atingiram um recorde em setembro passado devido à escassez na Europa.

"Os consumidores estão exigindo cada vez mais produtos lácteos ricos em gordura, permitindo que ela e, portanto, também a manteiga, voltem a fazer parte de suas dietas", disse Hanne Soendergaard, vice-presidente-executiva de marketing e inovação da Arla Foods, por email.

A demanda mais forte por marcas premium de alta qualidade está estimulando as vendas da manteiga Lurpak da Arla, pela qual "os consumidores estão dispostos a pagar um preço mais alto", disse a executiva. A receita com a Lurpak subiu 8,3% em 2017 apesar de o volume de venda ter caído 2,7%, informou a Arla, que tem sede em Aarhus, Dinamarca, na quarta-feira (21), em seu relatório anual de resultados.

As vendas de manteiga no comércio varejista na América do Norte registraram uma taxa anual composta de crescimento de 7% de 2012 a 2017 em valores de taxas de câmbio fixas, disse Moreau, da Euromonitor. O resultado é comparado com o crescimento de 2% na Europa Ocidental.

Land O'Lakes

"As vendas globais das empresas americanas se beneficiaram fortemente com esse aumento do consumo de manteiga em seu mercado interno", afirmou. Este foi o caso, em particular, da Land O'Lakes, uma cooperativa de Arden Hills, Minnesota, EUA, de propriedade de fazendeiros e criadores de gado, cuja marca de manteiga homônima é a mais valiosa do mundo, segundo a Euromonitor.

As manteigas de estilo europeu também estão vendendo particularmente bem em lojas de varejo de alto padrão, disse Michael McCully, proprietário da McCully Group, uma consultoria americana de alimentos e produtos lácteos.

Não é apenas a manteiga que está se está beneficiando com a preferência renovada dos consumidores pelas gorduras animais. A Danone, a maior fabricante de iogurtes do mundo, começou a vender uma versão integral de sua marca Activia na região nórdica, "algo que ninguém imaginaria há alguns anos", disse o presidente e CEO Emmanuel Faber na semana passada.

"Os consumidores têm uma maneira muito segmentada de considerar o que é e o que não é saudável", disse Faber aos analistas e investidores no dia 16 de fevereiro em uma teleconferência para analisar os lucros do quarto trimestre. "O açúcar é, claramente, algo que eles não querem ver, mas a gordura, inclusive a gordura animal, é uma tendência que está de volta."

--Com a colaboração de Rebecca Keenan