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Lítio é apontado como salvação de petroleiras em futuro verde

Anna Hirtenstein

19/03/2018 11h32

(Bloomberg) -- O lítio pode ser uma tábua de salvação para as empresas petroleiras em um momento em que o setor de energia avança rumo a alternativas menos poluentes do que os combustíveis fósseis, disse Jeff McDermott, da Greentech Capital Advisors.

"A especialidade delas é a extração de recursos", disse McDermott, sócio-gerente do banco de investimento butique com sede em Nova York, que assessora empresas e investidores em energia, em entrevista em Londres. "Elas deveriam comprar produtoras de lítio, deveriam se envolver na exploração da tecnologia básica das baterias."

Esta sugestão destaca uma solução para a questão existencial enfrentada por algumas das maiores empresas de energia do mundo sobre como sobreviver em meio à repressão governamental aos combustíveis que produzem. Com o rigor maior dos limites às emissões de carbono, é fundamental para as produtoras de combustíveis fósseis saber que parcela da demanda por petróleo e gás está em risco.

O lítio é um ingrediente fundamental das baterias recarregáveis predominantes em eletrônicos, desde telefones celulares até carros elétricos. O metal faz parte do cátodo, que armazena a carga elétrica. A demanda pelo mineral deverá se multiplicar por 38 até 2030, para 7.845 toneladas por ano, contra 200 toneladas em 2016, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

As grandes petroleiras têm capital para empregar e experiência em desenvolvimento de grandes projetos que poderiam ajudar a indústria do lítio a se expandir.

As grandes petroleiras vêm apostando em energia limpa há décadas, mas o setor não representa uma porcentagem significativa de nenhum de seus negócios. Esta condição está começando a mudar em um momento em que o setor corre atrás de novas fontes de receita e busca se manter no centro do negócio de energia.

A Total comprou a fabricante de baterias Saft Groupe por 950 milhões de euros em 2016. A Royal Dutch Shell recentemente fez incursões em eletricidade e comprou a First Utility no Reino Unido em dezembro. A BP adquiriu uma participação de 43 por cento na desenvolvedora solar britânica Lightsource Renewable Energy por US$ 200 milhões.

McDermott também vê oportunidades para grandes petroleiras em sistemas integrados e eólicos offshore para veículos autônomos. A Shell e a norueguesa Statoil fizeram incursões recentes no setor eólico, aproveitando sua experiência em perfuração para a exploração de petróleo e gás no mar. A Shell faz parte do consórcio que está construindo os parques eólicos Borssele III e IV em águas holandesas.