`Mães solares' levam eletricidade a regiões rurais do México
(Bloomberg) -- Em uma vila remota na costa do Pacífico, no sul do México, José Barriento, um pescador de 62 anos, descansa na rede após o jantar em uma sala escura, com paredes de blocos de concreto e telhado de metal. A única luz vinha da tela brilhante de um aparelho de televisão -- um luxo impossível nessa comunidade antes de sua esposa, Norma Guerra, virar uma "mãe solar".
José e Norma moram desde sempre em Cachimbo, uma dilapidada vila com cerca de 150 habitantes localizada em uma ilha do estado de Oaxaca com muitas palmeiras, poucas ruas e chuvas escassas. Faltava também eletricidade, por isso todos usavam velas ou lamparinas de querosene. Norma, 52, largou a escola na quarta série e passa a maior parte do tempo ajudando o marido a preparar e vender peixes, atividade que, em uma semana boa, pode render 3.000 pesos (US$ 160).
Mas em 2014 Cachimbo deu um pequeno passo rumo à modernidade. Por meio de um programa peculiar pensado para abastecer comunidades rurais pobres de todo o mundo com energia, Norma e outras três mulheres da vila foram para a Índia por seis meses para receberem capacitação como técnicas em eletricidade. Elas retornaram para instalar dezenas de painéis solares, conjuntos de baterias e cabos que agora acendem luzes e ligam aparelhos em toda a vila.
"Cachimbo era difícil, feia e estava sempre escura", disse Norma, sentada em uma cadeira de plástico verde sob o telhado de palha de seu pátio. "Ao andar pela cidade, simplesmente corríamos o risco de cair. Com os kits solares, muita coisa mudou. Podemos ir para a cama mais tarde. As crianças podem fazer a lição de casa à noite. Para nós, mulheres, nos permite fazer nossas tarefas domésticas enquanto os homens continuam seus trabalhos. Tudo fica mais fácil agora que há iluminação."
A falta de eletricidade continua sendo um entrave ao desenvolvimento de muitas comunidades carentes do mundo, que não têm acesso a ferramentas essenciais da economia moderna, como telefones celulares e refrigeração. Estima-se que 4 bilhões de pessoas não estejam conectadas à Internet, segundo estudo conjunto da Bloomberg New Energy Finance e do Facebook.
Cerca de 1,1 bilhão de pessoas vivem sem energia e centenas de milhões mais contam com um abastecimento pouco confiável, disse Itamar Orlandi, analista da BNEF em Cingapura que estuda sistemas de distribuição elétrica de pequena escala em mercados emergentes. Somente na Índia, estima-se que 240 milhões de pessoas vivam no escuro, ou quase um quinto da população, segundo a Agência Internacional de Energia.
Os primeiros contratos para projetos de energia rural de pequena escala foram entregues pelo governo no ano passado. Outros dois planejados para este ano levantarão até 4,8 bilhões de pesos (US$ 257 milhões) em investimentos, o que elevará o índice de eletrificação do México a 99 por cento. O país precisa levantar 12 bilhões de pesos no mercado atacadista de eletricidade até 2021 para conectar a todos, informou o Ministério de Energia, em comunicado enviado por e-mail.
--Com a colaboração de Anindya Upadhyay
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