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Investidores se preparam para apoiar mulheres em conselhos

David Hellier e Emily Chasan

19/04/2018 14h36

(Bloomberg) -- Encorajados pelas campanhas bem-sucedidas do ano passado contra a remuneração excessiva dos executivos, alguns dos maiores investidores do mundo estão voltando o foco para as mulheres -- ou para a ausência delas -- nos conselhos corporativos.

A Legal & General Investment Management é a última instituição a afirmar que votará contra conselhos que não tenham pelo menos 25 por cento de participação feminina. A Standard Life Aberdeen, um dos maiores grupos de gestão de fundos do Reino Unido, anunciou que votará contra conselhos nos quais os homens ocupem mais de 80 por cento dos assentos.

Nesta quinta-feira, a Standard Life votou contra o Herald Investment Trust porque o conselho da companhia não tem nenhuma mulher, segundo um porta-voz. Dentro do FTSE 250, o Herald tem um dos 11 conselhos que são exclusivamente masculinos, grupo que englobava apenas oito empresas no início do ano.

A ação dos investidores era prevista há tempos, diz Denise Wilson White, CEO da Hampton-Alexander Review, que faz campanha por uma diversidade maior nos conselhos britânicos desde 2011. "Os investidores têm sido extremamente lentos nesse sentido, mas são realmente capazes de fazer a diferença", disse.

A diversidade nos conselhos subiu também na lista de prioridades de investidores de longo prazo nos EUA. A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, afirma esperar agora que as empresas tenham pelo menos duas mulheres em seus conselhos nos EUA. "Provavelmente votaremos contra diretores que não promovam avanços em termos de diversidade sem uma explicação específica e verossímil", disseram representantes, em comunicado enviado por e-mail.

No ano passado, a State Street também liderou uma campanha sem precedentes para votar contra centenas de diretores nos EUA, no Reino Unido e na Austrália na nomeação de comitês em conselhos sem mulheres. Neste ano, a campanha se estenderá ao Canadá e ao Japão.

A Hermes, outra grande investidora institucional, afirma acreditar que os conselhos já deveriam ter atingido um mínimo de 30 por cento de representação feminina. No ano passado, a empresa se opôs abertamente ao então presidente do conselho do grupo de mineração Rio Tinto devido à falta de diversidade no conselho da empresa.

Mas o voto da Hermes não foi apoiado por muitos e o presidente foi eleito com uma maioria esmagadora. "Ficou claro na votação da Rio Tinto que um número insuficiente de investidores usa seus votos para apoiar sua posição pública", diz Hans-Christoph Hirt, chefe da Hermes EOS na Hermes Investment Management.

A publicação dos números de disparidades salariais entre gêneros de todas as grandes empresas no Reino Unido se tornou um poderoso catalisador para a ação. No primeiro ano de divulgação obrigatória, algumas empresas declararam diferenças de até 50 por cento nos salários de funcionários homens e mulheres, muito maior que a média nacional, de 18 por cento.

"A questão vai além da persuasão agora", disse White, da Hampton-Alexander. "O voto é tudo."