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Costa do Marfim volta a exportar cacau ao Brasil após cinco anos

O cacau é a matéria-prima para produção do chocolate - Getty Images
O cacau é a matéria-prima para produção do chocolate Imagem: Getty Images

Isis Almeida

24/04/2018 15h05

(Bloomberg) -- A Costa do Marfim está prestes a exportar cacau ao Brasil pela primeira vez em mais de cinco anos, o que marca a reabertura do mercado nacional ao maior produtor mundial.

As primeiras remessas estão previstas para setembro depois que o governo autorizou os importadores a receberem carregamentos, segundo Eduardo Bastos, diretor-executivo da AIPC (Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau).

A medida coincide com a escassez de grãos no Brasil após a colheita menor do ano passado, que levou a Barry Callebaut a interromper temporariamente o processamento no país, disse ele. A empresa não confirmou se havia paralisado a moagem.

O Brasil deixou de importar cacau da Costa do Marfim devido a preocupações fitossanitárias depois que insetos foram encontrados em cargas em 2012. A retomada do comércio representará certo alívio para o mercado brasileiro, que deverá precisar de grandes importações novamente neste ano. O país atualmente só importa grãos de Gana, que são mais caros.

"Pela primeira vez desde que temos uma indústria de processamento no Brasil, as fábricas tiveram de parar devido à falta de grãos", disse Bastos, em entrevista, na Conferência Mundial do Cacau, em Berlim. Ele estima que a primeira remessa será pequena, mas mostrará que as importações da Costa do Marfim foram retomadas, disse.

Importações do Brasil

O Brasil provavelmente importará cerca de 60 mil toneladas de grãos neste ano após a safra ruim de 2017, disse Bastos. É provável que a produção cresça 11% neste ano, para 180 mil toneladas, mas a expectativa é que o processamento seja ampliado em 5%, para 230 mil toneladas, estima a AIPC.

O Brasil endureceu recentemente as regras de importação, disse Bastos. Segundo ele, agora é preciso enviar amostras a laboratórios credenciados, e as remessas levam até 20 dias para serem liberadas.

Há uma remessa de Gana a caminho do Brasil, mas mais empresas de moagem talvez precisem parar se o processo de importação levar mais de 20 dias, afirmou.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O Brasil planeja ampliar a produção de cacau para 400 mil toneladas em dez anos, e as negociações entre o Mercosul e a União Europeia serão fundamentais para o plano, segundo Bastos. O Brasil exporta muita manteiga de cacau --um produto da moagem do grão--, por isso será importante ganhar acesso à UE, a maior região consumidora, disse ele.

(Com a colaboração de Fabiana Batista)