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Medida dos EUA começa a descongelar comércio de alumínio

Thomas Biesheuvel e Mark Burton

24/04/2018 15h20

(Bloomberg) -- A indústria global do alumínio começa lentamente a se recompor.

Com a decisão do governo Trump de suavizar as sanções, empresas como Rio Tinto Group e Liberty House Group provavelmente poderão retomar as transações com a United Company Rusal por pelo menos mais alguns meses. A medida ajuda a diminuir a preocupação com a possibilidade de a cadeia de abastecimento global que transforma matérias-primas em metal acabado estar à beira do colapso.

O setor está cada vez mais confiante também de que uma fábrica de vital importância da Rusal na região oeste da Irlanda, que processa matéria-prima para o alumínio, será capaz de continuar abastecendo outras fundições da Europa. As entregas da fundição de alumínio da Rusal na Suécia foram retomadas há cerca de uma semana, embora em nível reduzido.

"A curto prazo, isso claramente dará uma certa folga ao mercado para reduzir o comércio em um ritmo mais ordenado", disse Jesse Gary, vice-presidente-executivo da Century Aluminum, nos bastidores de uma conferência sobre metais em Londres. "A longo prazo, simplesmente teremos que ver o que o governo fará."

Nas últimas semanas, a ameaça de sanções severas dos EUA obrigou as empresas a interromperem os negócios com a Rusal, espalhando o caos pela cadeia de abastecimento. A turbulência revelou o longo alcance dos efeitos da ação punitiva contra uma grande companhia global que abastece empresas automotivas e fabricantes de aviões e administra fábricas da Irlanda à Jamaica.

Apesar de a medida de segunda-feira dos EUA ter gerado um certo otimismo cauteloso, ainda não está claro qual parcela do comércio com a Rusal poderá ser retomado. O fluxo de alumínio e alumina (óxido de alumínio) depende de portos, companhias de navegação e bancos -- e todos teriam que se sentir confortáveis para prosseguir com as negociações com a Rusal.

A Rio declarou força maior para alguns contratos de alumina neste mês, alertando, em essência, que já não poderia vender bauxita à Rusal, nem comprar alumina dela. Agora, a empresa entende que deveria poder retomar essas remessas, mas ainda não reiniciou as transações, segundo uma pessoa a par da situação.

A Liberty House também espera poder retomar as remessas de alumina, mas considera que ainda é cedo para ter certeza, disseram pessoas informadas sobre a situação.

Apesar de ser a maior produtora de bauxita, a matéria-prima que é transformada em alumínio, a Rio depende da Rusal para um passo intermediário fundamental no processo -- a conversão de bauxita em alumina.

"A situação do mercado de alumina também deverá se acalmar um pouco. Os preços da alumina deverão cair juntamente com os preços do alumínio", disse Daniel Briesemann, analista do Commerzbank. "É claro que tudo está na dependência de os EUA realmente cancelarem as sanções aplicadas à Rusal."

Nesta terça-feira, a maioria das empresas afirmou que ainda estavam tentando entender o significado das últimas novidades para seus negócios.

"Isso dá mais espaço de manobra para as empresas até 23 de outubro?", disse Tolga Egrilmezer, vice-presidente de vendas e marketing de alumínio da Rio Tinto, em referência ao prazo final da redução. "É cedo demais para dizer."

--Com a colaboração de Niclas Rolander e Jack Farchy