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Rolls-Royce estuda parceria na China para novo avião: Fontes

Bloomberg News

24/04/2018 14h54

(Bloomberg) -- A Rolls-Royce Holdings negocia com a Aero Engine Corporation of China (AECC) uma possível parceria para que as duas empresas forneçam conjuntamente motores para um novo avião de fuselagem larga planejado por China e Rússia, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

As duas empresas se reuniram no início do ano para definir se colaborariam entre si na produção da turbina para o avião de fuselagem larga CR929, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque as negociações ainda estão em fase preliminar e podem não resultar em acordo. Já foi emitido um pedido de propostas para o motor e as respostas devem ser entregues até maio, período em que as perspectivas para o empreendimento podem mudar de acordo com as especificações da fabricante de aviões, disseram as pessoas.

A nova fabricante de aeronaves formada pela Commercial Aircraft Corporation of China (Comac) e pela russa United Aircraft Corporation (UAC), chamada CRAIC, tem o objetivo de quebrar o duopólio no campo de aviões de fuselagem larga, formado por Boeing e Airbus, e surge após esforços da Comac para construir seu próprio avião de corredor único. Esse avião utiliza motores fabricados exclusivamente pela CFM International, uma joint venture da General Electric com a francesa Safran.

O CR929 deverá ser um avião de fuselagem larga com 280 assentos capaz de voar cerca de 12.000 quilômetros. Em maio do ano passado, o presidente do conselho da UAC, Yury Slyusar, disse à Bloomberg News em Xangai que o novo avião precisará de "bilhões de dólares americanos" em investimentos e que tem o objetivo de entregar o avião aos clientes no período entre 2025 e 2027.

Ambição chinesa

Não foi possível entrar em contato com representantes da AECC no escritório da empresa em Pequim para comentar o assunto, e a Rolls-Royce também não estava disponível imediatamente.

Um possível acordo para o novo motor ajudaria a China, que tem a ambição de se tornar uma participante importante no campo de fabricação aeroespacial, porque oferece ao país acesso à propriedade intelectual complexa e ao trabalho de design usados para construir motores para aviões grandes. É também um sinal de quão longe a Rolls-Royce está disposta a ir para garantir contratos relacionados a uma aeronave que será competitiva futuramente.

O desenvolvimento do C919, de fuselagem estreita, e do CR929, de fuselagem larga, é parte central da estratégia do presidente Xi Jinping para modernizar o setor fabril chinês e competir com gigantes como EUA, Alemanha e Japão. Em meio ao aumento das tensões comerciais entre EUA e China, neste ano, a segunda maior economia do mundo propôs em abril uma tarifa de 25 por cento para alguns aviões fabricados nos EUA, incluindo algumas variações dos jatos Boeing 737.

A Rolls-Royce, que tem sede em Londres, avalia uma versão atualizada do motor Trent 7000 usado pelo Airbus A330neo que deverá ser entregue neste ano e é derivado da turbina do Boeing 787 Dreamliner, disse uma das pessoas. O maior e mais novo Trent XWB usado no jato de corredor duplo A350 utiliza uma tecnologia central que a Rolls reluta em compartilhar, disse a pessoa.