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Ford planeja US$ 11,5 bi em cortes adicionais e elimina modelos

Keith Naughton

26/04/2018 12h09

(Bloomberg) -- A Ford Motor está afiando a faca para cortar mais US$ 11,5 bilhões dos planos de gastos e eliminou vários sedãs, incluindo o Fusion e o Taurus, de sua linha para atingir mais rapidamente uma esquiva meta de lucro.

A fabricante de automóveis espera economizar US$ 25,5 bilhões até 2022, disse o diretor financeiro Bob Shanks a jornalistas na quarta-feira, quando a Ford divulgou receita e resultados por ação relativos ao primeiro trimestre acima das estimativas. A empresa agora prevê alcançar uma margem de lucro de 8 por cento até 2020, dois anos antes do programado.

O objetivo dos cortes é dar o pontapé inicial em uma iniciativa de recuperação quase um ano depois que o conselho da Ford afastou o CEO da companhia. O novo CEO, Jim Hackett, vem tentando convencer os investidores de que vale a pena apostar em uma recuperação, com planos para se livrar dos modelos de carros com vendas fracas e margens magras e redirecionar a empresa para SUVs e caminhões mais lucrativos.

"Vamos alimentar a parte saudável de nossos negócios e lidar de forma decisiva com áreas que destroem valor", disse Hackett em uma teleconferência de resultados na quarta-feira. "Não estamos apenas explorando parcerias; já conseguimos parceiros. Não estamos falando apenas de ideias; já tomamos decisões."

A Ford está em um caminho semelhante ao que a Fiat Chrysler Automobiles seguiu para ultrapassar a Ford em rentabilidade na América do Norte. O CEO da Fiat Chrysler, Sergio Marchionne, agora pretende eclipsar a General Motors antes de se aposentar em 2019.

Os lucros ajustados do primeiro trimestre subiram para US$ 0,43 por ação, superando a estimativa média dos analistas, de US$ 0,41. A receita automotiva da Ford aumentou para US$ 39 bilhões, superando a projeção média de US$ 37,2 bilhões em uma pesquisa da Bloomberg.

Modelos eliminados

A Ford anunciou que não vai investir em novas gerações de sedãs para o mercado norte-americano e que acabará reduzindo sua linha de carros ao Mustang e a um novo crossover Focus Active no próximo ano. Por volta de 2020, quase 90 por cento de seu portfólio na região será composto por caminhonetes, SUVs e veículos comerciais.

Isso significa que os sedãs de vendas fracas, como Taurus, Fusion e Fiesta, chegaram ao fim do caminho nos EUA. A fabricante deixou os sedãs Lincoln Continental e MKZ fora de sua lista de vítimas, mas como esses modelos compartilham bases mecânicas com seus irmãos da Ford, o futuro deles também é incerto.

"Para a Ford, redobrar a aposta em caminhões e SUVs poderia ser a solução certa para os problemas da marca", disse Jessica Caldwell, analista da Edmunds.com, por e-mail. "Mas essa decisão também envolve riscos: a Ford está alienando intencionalmente os proprietários de seus carros e abrindo mão de participação de mercado."