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Vendas da Airbus caem após atrasos de fornecedores de motores

Benjamin D. Katz

27/04/2018 11h48

(Bloomberg) -- A receita da Airbus caiu e a companhia entregou o menor número de aviões em um trimestre desde 2011. O motivo é que os atrasos dos fornecedores de motores seguraram as entregas de aviões de fuselagem estreita A320.

A gigante da fabricação entregou 121 jatos nos três primeiros meses, menor total desde o terceiro trimestre de 2011, segundo comunicado de sexta-feira. A empresa mantém o plano de entregar 800 aeronaves neste ano, mas afirma que para isso precisará de um desempenho melhor das fornecedoras de motores.

"É uma situação desafiadora para todos, mas, com base na confiança expressada pelas fabricantes de motores e na capacidade delas de cumprir compromissos, podemos confirmar nossa perspectiva para o ano todo", disse o CEO Tom Enders no comunicado.

As vendas da Airbus caíram 11 por cento, para 10,1 bilhões de euros (US$ 12 bilhões), derrubadas pelo declínio nas entregas de aviões e helicópteros, e o fluxo de caixa foi de 3,8 bilhões de euros negativos. A situação reflete o acúmulo de estoque após o impasse do avião de fuselagem estreita, disse Sandy Morris, analista da Jefferies International em Londres, que classificou os números trimestrais como "terríveis".

Enders disse que há dezenas de aviões A320neo na sede da Airbus, em Toulouse, na França, e em uma fábrica em Hamburgo, na Alemanha, aguardando motores da Pratt & Whitney e da CFM International.

Os fornecedores enfrentam falhas e problemas de controle de qualidade após projetarem turbinas melhoradas para alcançar os ganhos prometidos pelo modelo reformulado na queima de combustível. As entregas da Pratt foram retomadas após o último atraso, informou a Airbus, acrescentando que está negociando com fabricantes de componentes a ampliação das taxas de fabricação de aviões de fuselagem estreita além dos níveis planejados atualmente.

A empresa divulgou lucro ajustado antes de juros e impostos de 14 milhões de euros, melhor do que o previsto pelos analistas, considerando que as entregas do avião de fuselagem larga A350 superaram o nível do ano passado e os custos unitários do modelo diminuíram com a aceleração da produção. Morris chamou de "sorte" o fato de o A350 ter mostrado melhora frente aos outros desafios.

A fabricante anunciou planos para reduzir as entregas do A330 de fuselagem larga para 50 jatos por ano a partir de 2019, contra 67 em 2017. Uma versão Neo reformulada do modelo deverá receber a primeira entrega neste ano, mas tem registrado vendas fracas, e o diretor financeiro Harald Wilhelm disse em conferência que a Airbus não deseja construir "nenhuma aeronave não alocada".

A empresa informou que está trabalhando para fechar um contrato reformado para o avião de transporte militar A400M, programa afetado durante anos por atrasos e estouros de orçamentos, depois que os clientes do governo fecharam acordo para um plano de entrega revisado exigindo a produção de apenas oito aeronaves por ano a partir de 2020.