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Roupas podem ser afetadas por imposto ao plástico no Reino Unido

Jessica Shankleman

22/05/2018 15h36

(Bloomberg) -- O chanceler britânico, Philip Hammond, tem sido exortado a começar a tributar roupas feitas de poliéster e nylon em meio à tentativa de impedir a contaminação dos oceanos por plásticos nocivos.

O Tesouro pretende anunciar um pacote de novos impostos para lidar com resíduos plásticos em sua declaração orçamentária, em novembro, após uma consulta encerrada na sexta-feira que recebeu mais de 100.000 respostas, segundo uma porta-voz do departamento.

Nenhuma outra economia importante tentou lidar com os minúsculos fragmentos de plástico que se desprendem das roupas e vão parar nos oceanos, onde são ingeridos pelos animais marinhos. Essas microfibras sintéticas são usadas para revestir de tudo, desde roupas de corrida até suéteres de lã, o que lhes dá um visual novo e brilhante que muitas vezes desaparece quando as peças são lavadas, diz Dustin Benton, diretor de políticas do think tank Green Alliance.

Incentivado pelo programa Blue Planet, da BBC, que mostrou como a sopa de plástico do oceano está matando a vida marinha, o governo da primeira-ministra Theresa May quer eliminar os resíduos plásticos até 2042. As políticas do governo já lidam com cerca de metade do plástico que chega ao oceano, como a proibição às microesferas, um programa de devolução de depósitos por garrafas plásticas e uma taxa sobre sacolas descartáveis, mas outras áreas, como fibras sintéticas, pó de pneus e cigarros, continuam sem serem responsabilizadas.

A poluição gerada pelas microfibras sintéticas é pelo menos cinco vezes mais prevalente que a das microesferas e das sacolas plásticas e poderia ser reduzida por meio de um instrumento semelhante ao imposto sobre aterros, segundo o Green Alliance.

O imposto aplicado há 22 anos aos materiais levados para aterros talvez seja a política ambiental mais bem-sucedida do Reino Unido e ajudou a reduzir os resíduos enterrados em mais de 65 por cento. Além disso, ampliou a reciclagem ao elevar lentamente as taxas cobradas às empresas de resíduos.

"O Tesouro quer entrar neste jogo por entender que o plástico é um grande problema e porque consegue enxergar as dinâmicas eleitorais", disse Benton.

Junto com o Greenpeace, o Green Alliance pediu também a taxação de plásticos virgens para incentivar um uso maior de materiais reciclados. O Greenpeace também exortou o governo a simplesmente proibir todos os produtos plásticos que considera inúteis, como agitadores e sachês. Produtos remanescentes, como copos de café descartáveis, deveriam ser tributados, afirmou o órgão em sua apresentação.

O aumento do imposto sobre as fibras sintéticas ao longo de um período de cinco anos estimularia fabricantes de roupas e empresas de varejo a usarem materiais mais sustentáveis e tecidos mais apertados para reduzir o desprendimento, afirma. Fundamentalmente, ele não quer ver uma mudança para o algodão e a lã, que geram seus próprios problemas ambientais e podem ter preços proibitivos para muitos consumidores.