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Projeto de ilha de US$ 10 bi em Israel atrai interesse europeu

David Wainer e Yaacov Benmeleh

29/05/2018 13h03

(Bloomberg) -- Pelo menos duas empresas do bloco Benelux enviaram representantes a Israel nas últimas semanas para discutir um projeto para desenvolver um aeroporto offshore no Mediterrâneo.

A Jan de Nul, de Luxemburgo, e a Dredging Environmental & Marine Engineering, da Bélgica, enviaram funcionários seniores para discutir o projeto, segundo Avi Simhon, chefe do Conselho Econômico Nacional do gabinete do primeiro-ministro de Israel. Simhon estimou que o projeto poderia custar cerca de US$ 10 bilhões e levaria 10 a 15 anos para ser construído.

A economia de rápido crescimento de Israel é limitada pela escassez de terras para infraestrutura, especialmente na região central do país. Israel atualmente conta com apenas um aeroporto importante que atende um setor de turismo em expansão e uma população ansiosa por viajar para o exterior. No início do ano, o governo formou um comitê, chefiado por Simhon, para analisar a transferência de projetos de infraestrutura ou a construção de novas instalações em ilhas artificiais.

"Esses planos estão sendo estudados há muitos anos por aqui, é uma questão de finalmente avançar", disse Simhon, em entrevista, em Jerusalém. "Não podemos ficar sentados sem fazer nada enquanto o Aeroporto Ben Gurion está chegando ao limite de capacidade."

Uma porta-voz da DEME Group preferiu não comentar.

"Estamos cientes desse possível projeto", disse Heleen Schellinck, porta-voz da Jan De Nul, em resposta por e-mail. "Quando a licitação for publicada avaliaremos as especificações do projeto."

A construção de ilhas artificiais envolveria desafios técnicos e ambientais. Todas as empresas interessadas no projeto têm experiência em dragagem e aterramento marítimo, questões críticas para o desenvolvimento de infraestrutura nos países de baixa altitude do bloco Benelux. Já foram construídos aeroportos offshore anteriormente -- especialmente no Japão, onde o Aeroporto Internacional de Kansai foi construído na Baía de Osaka por cerca de US$ 20 bilhões e agora atende mais de 25 milhões de pessoas por ano.

O governo israelense aprovou os planos para a construção de duas ilhas artificiais próximas à costa do país em 2002 e novamente em 2012. Nenhuma das ideias avançou. Netanyahu disse que levantou a ideia das ilhas artificiais já em 1996, durante seu primeiro mandato como primeiro-ministro, mas o plano enfrentou oposição de grupos ambientalistas.

"Nos 20 anos que se passaram desde então, a tecnologia para ilhas artificiais mudou e evoluiu bastante", disse Netanyahu, em janeiro.

Em separado, Israel Katz, que atua como ministro dos Transportes e de Inteligência, propôs a construção de uma ilha artificial para abrigar um porto palestino ao largo da Faixa de Gaza.

No ano passado, a Autoridade de Aeroportos de Israel divulgou um plano de US$ 1,4 bilhão para atualizar o Aeroporto Internacional Ben Gurion para atender a um aumento esperado de atividade. O trânsito total de passageiros deverá chegar a 24 milhões de pessoas neste ano, segundo projeções da autoridade aeroportuária, um salto de 70 por cento desde 2013, quando o país aprovou o Open Skies Agreement (Acordo Céu Aberto) e permitiu que empresas aéreas de baixo custo competissem por negócios.

"A terra está se tornando mais rara e cara em Israel", disse Nati Birenboim, CEO da Tamuz Group, que assessora empresas globais em grandes projetos de infraestrutura em Israel. "Um aeroporto internacional de última geração em uma ilha artificial perto do coração do país ajudaria a aliviar os problemas que Israel certamente enfrentará."

Repórteres da matéria original: David Wainer em Telavive, dwainer3@bloomberg.net;Yaacov Benmeleh em Tel Aviv, ybenmeleh@bloomberg.net