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Gucci triunfa na China com jovens que gostam de esbanjar

Kim Bhasin e Robert Williams

30/05/2018 13h31

(Bloomberg) -- A marca Gucci vale mais do que nunca -- graças, em parte, aos consumidores jovens e perdulários da China, dispostos a gastar tudo o que ganham em bolsas de veludo de US$ 2.900 ou óculos de sol decorados com cristais de US$ 1.400.

O valor da marca Gucci subiu incríveis 66 por cento em 2018, para US$ 22,4 bilhões, segundo relatório da Kantar Millward Brown. A grife italiana foi ajudada pelo melhor ano de sua história. Aliás, o valor das 10 maiores marcas de luxo aumentou 28 por cento nos últimos 12 meses, contra um salto de 4 por cento no ano anterior, segundo a consultoria.

Boa parte do crescimento da Gucci foi impulsionado por um fenômeno entre chineses que parecem mais uma gangue de motociclistas do que um grupo demográfico de consumidores. Os "clãs moonlight" são grupos de consumidores millennials propensos a gastar tudo o que ganham em produtos de luxo, disse Elspeth Cheung, diretora de avaliação global da divisão BrandZ, da Kantar.

Essa nova safra de perdulários representa um grande distanciamento cultural do cenário dos consumidores mais conservadores da China. Agora que estão se acostumando à visão do presidente Xi Jinping de um país com abundância e oportunidades, os chineses mais jovens estão começando a reagir -- e a gastar.

"A mensagem do Sonho Chinês fala de um país mais forte, com mais igualdade e níveis de renda crescentes", disse Cheung. "Isso deu garantias aos consumidores de que o futuro é brilhante."

Esse otimismo está impulsionando um enorme aumento de valor das marcas de luxo na Ásia e em todo o mundo -- não apenas para a Gucci. A grife francesa Dior registrou o segundo crescimento mais rápido, de 54 por cento, enquanto o valor de marca da Prada e da Chanel teve leves quedas, segundo o relatório. Hermès, Burberry, Rolex e Cartier também tiveram crescimentos significativos. A Saint Laurent, de propriedade da Kering, a exemplo da Gucci, estreou no top 10. A Louis Vuitton, enquanto isso, continua sendo a marca de luxo mais valiosa, estimada em US$ 41,1 bilhões.

Mas talvez nenhuma marca esteja tirando mais proveito que a Gucci. As vendas dispararam 42 por cento no ano fiscal 2017, para US$ 7,2 bilhões, com crescimento espalhado por todas as categorias -- desde bolsas até tênis e mocassim. Graças ao sucesso da Gucci e da Saint Laurent, a Kering registrou o ano mais rentável de sua história. E a Gucci não perdeu impulso, já que o crescimento no último trimestre chegou a 49 por cento.

A China foi o segundo mercado de crescimento mais acelerado da Kering no ano passado em todas as marcas da empresa, com alta de 18 por cento considerando taxas de câmbio comparáveis. A companhia informou em março que havia aproveitado a "confiança renovada do consumidor e as políticas governamentais favoráveis".

A região Ásia-Pacífico responde por mais de um terço da receita anual da Gucci. A marca lançou sua nova loja on-line na China no verão passado (Hemisfério Norte) e em outubro realizou uma festa repleta de celebridades em Xangai que transformou o pátio de uma mansão histórica em um jardim enfeitado por lamparinas. Em janeiro, a Gucci lançou uma coleção especial antes das celebrações do ano-novo Chinês: uma linha de bolsas, suéteres e jaquetas inspirada no ano do cachorro.