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Empresa de pagamentos logo pode valer mais que Deutsche Bank

Jan-Patrick Barnert

15/06/2018 15h06

(Bloomberg) -- Elas podem estar em mundos separados no setor de serviços financeiros, mas a empresa de pagamentos alemã Wirecard está se aproximando rapidamente da avaliação de mercado do gigante Deutsche Bank, fechando uma semana na qual os investidores abocanharam as ações da maior oferta pública de uma firma de tecnologia financeira já realizada na Europa.

A Wirecard está perto de um recorde de 158,10 euros em Frankfurt depois que as ações subiram pelo 13º dia, registrando sua mais longa sequência de alta desde uma oferta pública inicial em outubro de 2000. A avaliação de mercado de 19,4 bilhões de euros (US$ 22,5 bilhões), apenas 470 milhões de euros inferior à do Deutsche Bank, também a transforma em candidata a ingressar no índice de referência DAX, composto pelas 30 maiores empresas da Alemanha, já em setembro, quando a Deutsche Boerse realizar a revisão regular do índice.

As ações estão sendo beneficiadas pela extensão da parceria da empresa com a Visa para soluções de pagamento, anunciada em 5 de junho, e pelo IPO bem-sucedido da concorrente holandesa Adyen, cujas ações quase dobraram de valor no primeiro dia de negociação, nesta semana.

"A Wirecard está indo mais fundo em uma área que pode ser de interesse dos bancos consolidados", disse Holger Schmidt, analista do Bankhaus Metzler em Frankfurt. "Nenhum dos grandes bancos europeus está ativo neste espaço e nenhum reconheceu essa tendência de longo prazo. Isso deixou a porta aberta para as instituições não-financeiras."

Durante anos, os sistemas de processamento dos pagamentos realizados em lojas e na internet foram controlados por grandes bancos, emissoras de cartões de crédito e uma série de antigos provedores de TI. A Wirecard e a Adyen fazem parte de uma nova geração de empresas de tecnologia financeira que está desafiando essa hegemonia, criando mais opções para os consumidores.

Os analistas que cobrem a Wirecard continuam otimistas apesar da alta de 68 por cento deste ano, sendo que 16 classificam as ações como compra e 12 recomendam manutenção. Nenhum aconselha a venda das ações, que ultrapassaram a meta de preço média em cerca de 12 por cento.

À parte isso, indicadores técnicos sinalizam um certo superaquecimento, com o indicador de força relativa de 14 dias em 89 pontos -- maior nível desde outubro de 2017 --, afundando-se consideravelmente no território da sobrecompra. As ações se desvincularam de sua média móvel de 200 dias em cerca de 43 por cento e o indicador de impulso ADX mostra que a ação pode estar pronta para uma correção.

--Com a colaboração de Ruben Munsterman.