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Noruega quer ser pioneira em aviões elétricos

Sveinung Sleire

18/06/2018 09h57

(Bloomberg) -- Com algumas das rotas aéreas mais movimentadas da Europa, que transportam passageiros por paisagens montanhosas e acidentadas, o setor de aviação da Noruega agora se prepara para a eletrificação.

A Noruega é um dos maiores mercados da Tesla, com cerca de 8.500 carros vendidos no ano passado. Agora, a nação cujo slogan turístico é "Movida pela Natureza" quer ser pioneira no mercado de aviões elétricos. A Wideroe, uma empresa aérea local que opera aviões pequenos em voos de curta distância, não vê grandes barreiras tecnológicas à frente e planeja lançar sua primeira aeronave comercial movida por alguma forma de energia elétrica dentro dos próximos dez anos.


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"Hoje operamos com a menor aeronave para as rotas mais curtas, baseada em uma tecnologia antiga, desenvolvida na década de 1970", disse o CEO da Wideroe, Stein Nilsen, em entrevista. "Houve muitos avanços no setor de aviação, mas não nas aeronaves menores."

Esta segunda-feira (18) é marcada pelo voo inaugural de um avião elétrico de dois lugares que decolará do aeroporto de Oslo com o ministro dos Transportes do país como passageiro. O avião, produzido pela fabricante eslovena Pipistrel, pode voar por até uma hora. A Avinor, a empresa estatal que opera os aeroportos do país, afirma que o curto voo de teste demonstrará a viabilidade de uma aviação livre de poluição.

Metas para emissões

O maior exportador de petróleo e gás da Europa Ocidental prometeu reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em 40% até 2030. Cerca de metade dos carros novos vendidos no país são elétricos (a Alemanha ultrapassou a Noruega só recentemente como maior mercado de carros elétricos da Europa) e também estão sendo construídas balsas movidas a baterias. O impulso rumo aos aviões elétricos deverá reduzir as emissões ainda mais, apesar do ceticismo dos ambientalistas.

"O crescimento da aviação norueguesa e internacional é um dos grandes motores da mudança climática, que está completamente fora de controle", disse Truls Gulowsen, diretor do Greenpeace na Noruega. "Mesmo que haja uma pequena chance de podermos colocar algumas aeronaves elétricas pequenas no ar para distâncias curtas, não há nenhum indicativo de que conseguiremos substituir as distâncias de médio e longo curso da atualidade com propulsão elétrica."

A mensagem não é compartilhada pela Wideroe, que compara o que está acontecendo no setor de aviação com a rápida transformação atual da indústria automotiva.

"Aqueles que precisam dirigir carros movidos a combustíveis fósseis continuarão comprando esses carros, mas as emissões totais (do setor) estão caindo", disse Nilsen, da Wideroe. "Devemos ter uma visão semelhante para o setor de aviação."

A Norwegian Air, maior companhia aérea da Noruega e terceira maior empresa de voos de baixo custo da Europa, já expandiu sua frota com aeronaves econômicas, como o Boeing 737 MAX. Mas, a exemplo de outras aéreas grandes, não tem planos de adotar a eletrificação enquanto a tecnologia não amadurecer.

"Quando as aeronaves elétricas forem capazes de substituir as máquinas comerciais atuais, é claro que teremos interesse", disse o porta-voz Lasse Sandaker-Nielsen.

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