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Maior empresa de navegação do mundo contrata diretora financeira

Rafaela Lindeberg, Christian Wienberg e Niklas Magnusson

20/06/2018 15h49

(Bloomberg) -- Pela primeira vez em seus 114 anos de história, a A.P. Moller-Maersk nomeou uma mulher como diretora financeira.

A gigante global do transporte marítimo opera em um setor que se destaca pela falta de diversidade de gênero, o que alguns analistas alertam que pode afastar os investidores, que buscam cada vez mais ativos que cumpram uma série de padrões sociais e de governança.

A Maersk, que tem sede em Copenhague, anunciou nesta quarta-feira que Carolina Dybeck Happe começará como diretora financeira no início do ano que vem. Ela substituirá Jakob Stausholm, que deixou o cargo em março e foi nomeado recentemente diretor financeiro da Rio Tinto Group. Dybeck Happe, que tem 45 anos, deixará o cargo de diretora financeira da fabricante de fechaduras sueca Assa Abloy para assumir o posto na Maersk.

A reação do mercado sugeriria que os investidores estão muito satisfeitos com a escolha da Maersk, considerando que as ações da empresa dinamarquesa subiram mais de 3 por cento após a abertura da bolsa de valores em Copenhague, nesta quarta-feira. A Assa Abloy abriu em queda, mas mostrava pouca alteração no meio da manhã no pregão em Estocolmo.

Dybeck Happe se une a um conselho executivo dominado por homens que, em sua maioria, estão na Maersk desde o fim da adolescência. O CEO Soren Skou, agora com 53 anos, ingressou na empresa em 1983. A duração média dos mandatos dos integrantes da diretoria da Maersk é de aproximadamente três décadas.

O presidente do conselho, Jim Hagemann Snabe, disse à Bloomberg em abril que a Maersk estava analisando candidatas para o cargo de diretoria financeira. "Uma organização que tem uma diversidade melhor e mais mulheres se torna uma empresa melhor", afirmou na época.

Rahul Kapoor, da Bloomberg Intelligence, disse que a escolha da diretora financeira "dá um ótimo exemplo para o setor".

"Nossa análise sugere que o transporte marítimo é um dos últimos em diversidade de gênero e já é hora de o setor tomar medidas para melhorar sua pontuação", disse Kapoor.

Embora seja conhecida pelo alto nível de participação feminina no mercado de trabalho, a Dinamarca, país de origem da Maersk, não tem cotas obrigatórias de gênero para os conselhos de administração das empresas como a vizinha Noruega. No nível do conselho, há apenas uma empresa do índice Stoxx Nordic 30 com menos diversidade de gênero do que a Maersk: a Coloplast, uma fabricante dinamarquesa de sacos de ostomia.

A nova diretora entra na Maersk em meio ao trabalho da empresa para concluir a transição de um conglomerado que inclui operações de energia para uma empresa mais enxuta focada no transporte.

A Maersk estabeleceu a meta de encontrar até o fim do ano compradores para as unidades de energia ainda não vendidas. A empresa recebeu US$ 1,2 bilhão no ano passado por sua divisão de petroleiros. Em março, a Maersk concluiu a venda de suas atividades de produção de petróleo para a Total por US$ 7,45 bilhões em ações e dívidas. A empresa ainda tem uma unidade de perfuração e uma divisão de serviços de abastecimento offshore que planeja vender.

--Com a colaboração de Veronica Ek.

Repórteres da matéria original: Rafaela Lindeberg em Estocolmo, rlindeberg@bloomberg.net;Christian Wienberg em Copenhague, cwienberg@bloomberg.net;Niklas Magnusson em Estocolmo, nmagnusson1@bloomberg.net