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Sauditas tomam partido de consumidores antes de reunião da Opep

Wael Mahdi, Grant Smith e Javier Blas

21/06/2018 12h33

(Bloomberg) -- Faltando menos de 24 horas para uma reunião crucial, a Arábia Saudita exortou a Opep a ajudar os consumidores ampliando a oferta de petróleo, enquanto a oposição do arquirrival Irã mostra sinais de recuo.

"O mais importante são os consumidores", disse o ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, na quinta-feira. "Não permitiremos a materialização de uma escassez a ponto de espremer os mercados e prejudicar os consumidores."

As intensas negociações entre ministros em Viena, nesta semana, são o clímax de um processo que mexe com os mercados de petróleo há semanas. O desejo da Arábia Saudita e da Rússia de cancelar os cortes de produção bateram de frente com a forte oposição do Irã e da Venezuela, e o presidente dos EUA, Donald Trump, lançou sua ocasional bomba retórica sobre o cartel em nome dos consumidores.

As chances de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo chegar a um acordo na sexta-feira aumentaram no decorrer da semana. O Irã se distanciou da ameaça de vetar qualquer acordo que aumentasse a produção, e a Arábia Saudita apresentou um plano que acrescentaria 600.000 barris por dia -- cerca de 0,5 por cento da oferta global --, menos que o aumento de 1,5 milhão proposto pela Rússia.

Se prevalecer a posição saudita, Opep e aliados poderão compensar parcialmente o impacto do colapso da indústria do petróleo da Venezuela e alimentar uma demanda de rápido crescimento -- dois fatores que tiveram papel decisivo na alta do petróleo Brent, que chegou a mais de US$ 80 no mês passado.

"A voz do consumidor está sendo ouvida em Viena", disse Daniel Yergin, vice-presidente do conselho da consultoria IHS Markit, em entrevista à Bloomberg TV. "Esse consumidor pode estar nos EUA, mas também pode ser os consumidores da Índia, da China e até mesmo os russos."

Negociações intensas

Após um dia de idas e vindas diplomáticas, nesta quinta-feira os ministros vêm mostrando cada vez mais otimismo em relação à possibilidade de acordo.

"Estamos fazendo um bom progresso", disse o ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Al Mazrouei, que também ocupa o cargo de presidente da Opep. "É uma reunião muito boa. Estamos otimistas."

Ele fez coro aos comentários do colega iraniano Bijan Namdar Zanganeh, que havia rejeitado qualquer aumento de produção ao chegar a Viena, na terça-feira, afirmando que a Opep não deveria ceder ao pedido de Trump. Depois de se reunir com vários colegas e conversar com o ministro de Energia da Rússia, Alexander Novak, por telefone, na quarta-feira, o ministro moderou consideravelmente o tom, dizendo estar otimista a respeito do resultado da reunião.

O resultado da reunião pode dar aos consumidores de petróleo de todo o mundo um forte indicativo sobre a possibilidade de aumento dos preços neste ano -- para até US$ 100 por barril -- ou de a oferta maior reduzir o custo da gasolina e do diesel.

--Com a colaboração de Annmarie Hordern, Manus Cranny, Nayla Razzouk, Salma El Wardany, Laura Hurst, Julian Lee, Elena Mazneva, Francois de Beaupuy e Golnar Motevalli.

Repórteres da matéria original: Wael Mahdi em Kuweit, wmahdi@bloomberg.net;Grant Smith em London, gsmith52@bloomberg.net;Javier Blas em Londres, jblas3@bloomberg.net