Escandinávia cria via para transferência internacional imediata
(Bloomberg) -- Os maiores bancos da Escandinávia pretendem lançar um novo componente de infraestrutura financeira no ano que vem, com a promessa de acelerar as transferências internacionais em uma das regiões mais tecnologicamente avançadas do planeta.
O objetivo é viabilizar a efetivação de pagamentos e a compensação de contas em questão de segundos, independentemente da moeda utilizada. O projeto P27 - que recebeu este nome porque 27 milhões de pessoas vivem na Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia - aproveita o sucesso dos aplicativos de pagamentos via smartphone que os bancos locais já haviam criado ? como o sueco Swish, o norueguês Vipps e o dinamarquês MobilePay.
"Será algo enorme porque não é fácil mudar a infraestrutura de pagamentos", explicou Henrik Bergman, vice-diretor de infraestrutura financeira da Associação de Bancos Suecos.
A colaboração reflete o esforço do grupo para ficar à frente de gigantes globais de tecnologia, como Apple e Samsung Electronics, considerando que os consumidores não mais dependem apenas dos bancos para obter serviços financeiros. A diferença entre o P27 e os aplicativos já oferecidos pelos bancos escandinavos é que os serviços poderão cruzar fronteiras. Além disso, as transações não sofrerão as limitações impostas aos aplicativos existentes.
Segundo Bergman, a participação talvez exija alterações substanciais nas tecnologias usadas pelos bancos e seus clientes. Eles "podem precisar se adaptar a algo totalmente novo. Eles podem ter uma estrutura que é facilmente adaptável ou uma estrutura de TI mais difícil", ele disse.
Jesper Nielsen, responsável por atividades bancárias no Danske Bank, informa que os bancos do P27 pretendem selecionar até o fim do ano uma empresa que ajudará a direcionar o processo, viabilizando os primeiros pagamentos já em 2019. Danske e Nordea Bank estão entre os sete bancos que trabalham no projeto.
As instituições querem uma infraestrutura que os ajude a manter a clientela. Como as pessoas vão cada vez menos a agências, os pagamentos digitais estão entre os poucos pontos de contato entre bancos e clientes.
Montar a infraestrutura certa é fundamental para o sucesso do setor financeiro no futuro. A área de serviços de pagamentos não era "sexy, mas agora é", brincou Nielsen. "É onde a competição pode ser mais visível e onde há interface com o cliente."Os bancos do P27 querem que o projeto influencie o formato do sistema de compensações que abrangerá toda a Europa. Noruega, Suécia e Dinamarca têm moedas próprias, mas a Finlândia usa o euro. Conectar essas quatro moedas em um sistema de pagamentos comum "nos dará alguma vantagem", disse Nielsen.
O projeto vai gerar "as sociedades mais digitalizadas da União Europeia, desempenhando um papel conjunto muito maior na definição de um sistema de compensação europeu", ele afirmou.
O projeto deve estar a todo vapor quando a revisão da Diretiva de Serviços de Pagamentos da Europa entrar em vigor, no ano que vem. As novas regras exigem que bancos forneçam a outras empresas ? incluindo concorrentes e startups ? acesso a dados das contas dos clientes, se os correntistas assim desejarem.
Segundo Nielsen, um conjunto comum de padrões para pagamentos será essencial quando essa nova realidade chegar. "Se não houver acordo sobre os padrões, haverá um quadro fragmentado não só nos países nórdicos, mas em toda a Europa, o que vai contra o que nos dispusemos a fazer quando criamos uma estrutura aberta em nível europeu", ele acrescentou.
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