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Guerra comercial ameaça prejudicar retomada da Caterpillar

Joe Deaux

27/07/2018 12h38

(Bloomberg) -- Para a Caterpillar, que serve de indicador do poder da indústria americana, a guerra comercial de Donald Trump ameaça interromper o que vinha se configurando como um ano recorde para os lucros obtidos com a venda de grandes equipamentos de construção e de mineração.

Os analistas têm previsto que o lucro líquido poderia atingir um recorde histórico de US$ 6,24 bilhões porque as economias em expansão estão alimentando uma forte demanda pelas escavadeiras, pelos tratores e pelos caminhões basculantes amarelos característicos da empresa. Mas as ações registraram o pior primeiro semestre desde a recessão de 2009 e a recuperação tem sido lenta.

O motivo é que a Caterpillar obtém mais da metade das receitas fora dos EUA e a escalada da guerra comercial ameaça as perspectivas para o crescimento econômico global. As tensões são altas, considerando que Trump alertou que poderia ampliar as tarifas de importação, que já deram lugar a medidas de retaliação da China, do México, do Canadá e da Europa. O aumento dos preços dos metais, que tem afetado os lucros industriais, pode atrapalhar a recuperação da Caterpillar.

"Esse é o maior risco", disse Larry De Maria, analista da William Blair. "A guerra comercial realmente pode gerar impacto e acabar afetando a economia global, e pode gerar impacto também no ciclo forte que a Caterpillar observou em seus mercados finais em geral."

A projeção é que as receitas da Caterpillar, que tem sede em Deerfield, Illinois, nos EUA, aumentem para US$ 14 bilhões no segundo trimestre, contra US$ 11,3 bilhões no mesmo período do ano anterior, com base na média das estimativas de 13 analistas compiladas pela Bloomberg. Havia expectativa de que o lucro líquido subisse de US$ 1,35 por ação para US$ 2,59. A empresa divulgará resultados no dia 30 de julho.

A Caterpillar deu aos investidores uma série de resultados melhores do que os esperados depois que uma queda nas commodities derrubou as vendas por quatro anos consecutivos até 2016. A empresa, que tinha o segundo pior desempenho do indicador Dow Jones Industrial Average em 2015, passou a ter o segundo melhor no ano passado.

Essa série de surpresas nos lucros e nas receitas corre o risco de ser interrompida pela guerra comercial. O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou que o atrito ameaça afetar a expansão global, que já está perdendo impulso com o crescimento mais fraco na Europa e no Japão. Na quarta-feira, a General Motors reduziu sua previsão de lucro para este ano, em parte devido ao aumento dos preços do aço e do alumínio depois que os EUA aplicaram tarifas aos metais.

Os custos mais altos da compra de aço pela Caterpillar para fabricação de equipamentos podem aparecer três a seis meses após a aplicação de tarifas às importações do metal pelos EUA, disse Amy Campbell, diretora de relações com investidores, em março, depois que os EUA anunciaram as tarifas.

No balanço de resultados do primeiro trimestre, em abril, a Caterpillar elevou a projeção de lucro para 2018 em meio a uma ampla recuperação dos setores de mineração e construção, e também margens mais gordas após anos de cortes de custos. Mas na conferência realizada na sequência, a empresa informou que o lucro ajustado por ação no primeiro trimestre "será o maior patamar do ano".