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Cidades começam a taxar Uber antes que táxis-robôs entupam ruas

David Welch

30/07/2018 15h09

(Bloomberg) -- Está ficando mais caro dirigir nas cidades, independentemente de você ser humano ou robô.

Em Nova York, a taxa mais alta para atravessar o centro de Manhattan de carro atualmente é reservada para quem usa aplicativos de transporte compartilhado, como Lyft e Uber. O governador Andrew Cuomo e seu painel consultivo Fix NYC haviam pensado em uma tarifa que fosse aplicada a todos que utilizam automóvel privado sem dar carona. A proposta foi rejeitada, por enquanto, mas seus defensores desejam fazer uma nova tentativa.

O motivo: os passageiros habituados aos metrôs e ônibus problemáticos de Nova York agora têm outra opção, o que está tornando o trânsito notoriamente ruim da cidade ainda mais insuportável e tirando receitas do transporte coletivo. Se imaginarmos a era dos táxis sem motorista, que prometem preços muito menores que os atuais US$ 2 por milha (1,6 quilômetro) dos táxis amarelos da cidade, veremos que se trata de uma receita para um congestionamento contínuo.

"O transporte baseado em aplicativos preencherá todo o espaço da cidade", disse Sam Schwartz, presidente de uma empresa de engenharia de tráfego e membro do painel consultivo de Cuomo. "Temos que ter muito cuidado. A adição de mais veículos aumentará o congestionamento."

Em todo o mundo, as cidades estão começando a aplicar taxas às empresas de transporte compartilhado ou estudando formas de conter o congestionamento que elas têm causado. Londres cobra US$ 15 de quem quer dirigir em certas áreas em horários nobres durante o dia, e as cidades de Washington, Chicago e Seattle estão adicionando taxas para carros que operam com transporte compartilhado. Até mesmo o estado australiano de Nova Gales do Sul, que inclui Sidney, está aplicando taxas para reduzir o trânsito.

Há muito em jogo. Os serviços de transporte compartilhado baseados em aplicativos já atraíram muitos passageiros do metrô com corridas que custam US$ 2 ou US$ 3 por milha. Grandes empresas como a General Motors, a Waymo, uma unidade da Alphabet, e outras buscam reduzir o custo para bem menos de US$ 1 por milha com os carros autônomos. E o futuro autônomo pode não demorar para chegar: a Waymo planeja lançar seu primeiro serviço de táxi autônomo na região de Phoenix ainda neste ano.

As empresas de transporte compartilhado começam a reagir. A Lyft está trabalhando em mudanças em seu aplicativo que darão aos passageiros mais opções de compartilhamento de carros, disse o porta-voz Alex Rafter. No momento, o aplicativo mostra uma opção de compartilhamento de carro entre várias opções de viagem solitária. Um terço dos passageiros da Lyft optam pelo compartilhamento da corrida nos mercados em que essa opção é oferecida, e Rafter disse que a empresa espera mudar o comportamento do usuário oferecendo mais alternativas de compartilhamento da corrida.

A Lyft apoia oficialmente a aplicação de taxas e preços de congestionamento desde que todos os provedores de transporte paguem o mesmo. A Uber tem visão semelhante, disse a porta-voz MoMo Zhou. A Uber considera que os motoristas individuais, e não os passageiros solitários, são a maior causa de congestionamento, e a empresa apoia incentivos para levar as pessoas a dar carona. "Uma maneira mais equitativa e efetiva de aumentar a receita e reduzir o congestionamento é instituir uma taxa para o congestionamento", disse Zhou.