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Schroders e UBS divergem sobre cenário para ações brasileiras

Vinícius Andrade

30/07/2018 12h36

(Bloomberg) -- A Schroders afirma que as ações brasileiras parecem baratas após a queda do segundo trimestre. O UBS Group não tem tanta certeza disso.

Os valuations atrativos e as expectativas de aumento dos lucros corporativos levaram a Schroders a ampliar o peso das ações brasileiras para um pequeno overweight. A relação entre preço e lucro estimado do Ibovespa, de 10,9, contrasta com a média de cinco anos de cerca de 12, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A medida caiu no segundo trimestre porque o temor de que a eleição presidencial de outubro empossará um líder sem disposição para efetuar cortes fiscais dolorosos gerou pessimismo em relação aos lucros e derrubou o Ibovespa em 15 por cento. Agora os investidores debatem se a recuperação do Brasil da pior recessão em um século continuará e qual será o impacto da política na perspectiva de crescimento econômico e na classificação de crédito do país.

"Os valuations voltaram a níveis atraentes após a forte queda recente", disse Pablo Riveroll, gestor de fundos de ações de mercados emergentes em Londres que supervisiona US$ 247 milhões em ativos. "A maior parte dos desfechos políticos deve garantir a continuidade de políticas favoráveis ao mercado e um compromisso com a disciplina fiscal."

Bancos, empresas financeiras não bancárias, varejistas, construtoras e empresas de serviços de energia e saneamento são os setores favoritos da Schroders no Brasil.

"Acreditamos que o crescimento dos lucros será impulsionado pela recuperação da atividade econômica, pela despesa menor com juro, já que as taxas caíram, e pelo número menor de empréstimos inadimplentes para os bancos", disse Riveroll.

Sem favorito claro a pouco tempo da eleição de outubro, os analistas afirmam que, seja quem for, o próximo presidente terá que pressionar por medidas para sustentar as finanças do país. A Schroders afirma que o mais provável é que o vencedor implemente pelo menos uma reforma da Previdência, enquanto o UBS não mostra muita confiança a respeito.

Os estrategistas do UBS mantêm recomendação neutra para o mercado brasileiro de ações, embora reconheçam alguns pontos positivos: a melhora marginal do ambiente político, as taxas de juros mais baixas e o impacto limitado de uma possível guerra comercial entre EUA e China no Brasil.

"As melhorias nessas frentes indicam oportunidades a curto prazo, e não oportunidades significativas de investimento por enquanto", escreveram Alan Alanis, Sambuddha Ray e Fabio Ramos em relatório, em 24 de julho.

Os investidores estrangeiros têm tirado dinheiro do mercado de ações do Brasil neste ano, mesmo depois de contabilizada a entrada de R$ 5 bilhões (US$ 1,35 bilhão) neste mês, segundo dados da bolsa. O UBS afirma que, devido à proximidade das eleições, não é esperada a entrada de muito mais dinheiro.

"A volatilidade dos preços das ações deve continuar elevada até que haja mais clareza a respeito das eleições", disse Alanis, por e-mail.