Detroit perde terreno em crossovers para montadoras japonesas
(Bloomberg) -- Durante a transmissão dos jogos de tênis de Wimbledon neste mês, a General Motors e a Ford Motor disputaram uma partida de publicidades. Infelizmente para Detroit, as duas empresas podem acabar sendo derrotadas por rivais japonesas.
Eram anúncios de veículos crossover fundamentais para o sucesso das fabricantes de carros nos EUA, onde os consumidores preferem esses modelos aos sedãs. A GM oferecia um forte desconto de 18 por cento na maioria dos modelos Buick Encore. A Ford revidava com um anúncio em que o narrador começava dizendo: "Está pensando em comprar um Buick Encore? Você deveria dar uma olhadinha no novo Ford EcoSport."
Mas o duelo de publicidades colocou os holofotes em uma história conhecida. Na esteira da saída virtual de Detroit do ainda considerável mercado de veículos de passageiros dos EUA, a GM e a Ford estão tentando roubar clientes uma da outra enquanto lutam para enfrentar em condições de igualdade nomes como Toyota Motor, Nissan Motor e Honda Motor. O terreno que elas estão cedendo agora às montadoras japonesas é o dos crossover, que são mais fáceis de dirigir e economizam mais combustível do que os SUVs esportivos, baseados em picapes.
"Os EUA foram o epicentro do mercado de crossovers durante 20 anos e o fato de nossas fabricantes locais de veículos não serem melhores do que as marcas estrangeiras é condenável", disse Eric Noble, fundador da CarLab, uma consultoria de Orange, Califórnia.
Redução
Em 2023, a GM, a Ford e a Fiat Chrysler Automobiles produzirão apenas 35 por cento dos crossover da América do Norte, contra 61 por cento em 2005, segundo Alan Baum, analista independente do setor automotivo em West Bloomfield, Michigan, nos EUA.
Essa queda forte é menor do que a dos carros. Detroit representará apenas 16 por cento da produção norte-americana desse segmento em 2023 -- depois que a Ford e a Fiat Chrysler pararem de fabricar sedãs tradicionais -- contra 53 por cento em 2005, de acordo com estimativas de Baum.
Mesmo assim, Baum estima que as três montadoras tradicionais dos EUA não aproveitarão o crescimento das vendas de modelos crossover baseados em carros e se tornarão ainda mais dependentes das picapes e dos SUVs de maior porte construídos com chassis de caminhonetes. Em 2023, a participação de Detroit na produção de picapes na América do Norte se manterá muito firme, em 86 por cento, disse Baum.
"Os asiáticos e os europeus estão dominando os crossovers nos EUA adicionando novos modelos e mais capacidade de produção. Eles fizeram a mesma coisa com os carros 10 ou 20 anos atrás", disse ele. "Em Detroit, isto coloca ainda mais pressão sobre as picapes."
As montadoras vão divulgar o número das vendas de julho na quarta-feira. As vendas de todo o setor podem ter desacelerado para um ritmo anualizado de 16,7 milhões de veículos em julho, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg News com 10 analistas. A taxa, que é ajustada pelas tendências sazonais, foi de 16,8 milhões há um ano e de 17,5 milhões em junho.
"Detroit continua tão dependente das picapes quanto em 2007", disse Noble. "As picapes são ótimas quando os EUA estão crescendo, mas são péssimas em uma recessão."
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