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Chile reabrirá minas de cobalto para atender auge de baterias

Laura Millan Lombrana

14/08/2018 14h16

(Bloomberg) -- O afloramento rochoso gigante conhecido na região como La Cobaltera dá uma visão do passado da mineração no norte do Chile e uma pista do futuro.

O entulho de uma antiga caldeira está empilhado na entrada do poço de uma mina que não registra atividade comercial desde a Segunda Guerra Mundial. No interior, postes de eucalipto ainda dão apoio a túneis estreitos, colocados por engenheiros alemães como uma espécie de sistema de alarme: quando rangiam, era sinal de que o túnel podia desabar.

Agora, a busca global de cobalto, uma commodity fundamental na revolução dos veículos elétricos, está despertando a comunidade pacata perto do deserto no norte do Chile. Caminhões avançam aos solavancos pela sinuosa estrada de terra de Freirina, transportando equipamentos modernos de mineração para La Cobaltera. Em uma manhã recente, trabalhadores operavam uma máquina de perfuração que sacudia o solo enquanto cavavam até 90 metros de profundidade em busca de amostras de minerais. Quando um núcleo de perfuração foi retirado, os trabalhadores aplaudiram a aparição de uma coluna de rocha compacta salpicada de verde claro, cobre, e preto, cobalto.

O Chile, famoso por seus vastos depósitos de cobre, está se unindo à busca de cobalto em meio à enorme demanda pelo metal que é extraído principalmente na politicamente arriscada República Democrática do Congo. O cobalto era uma commodity de nicho usada em motores de avião e turbinas a gás; agora ele está sendo procurado por ter propriedades que evitam o superaquecimento das baterias recarregáveis.

"Há um ano, eu nunca tinha ouvido falar de cobalto no Chile", diz Ignacio Moreno, gerente-geral da Chilean Cobalt, que espera reativar uma mina no lugar. "Agora já são cinco meses de perfuração em lugares onde tinha minas de cobalto, e as descobertas parecem muito promissoras."

Interesse

O interesse renovado por La Cobaltera começou a surgir no ano passado, quando as autoridades chilenas descobriram registros guardados há muito tempo nos arquivos da agência nacional de geologia. Eles mostraram que mais de 7 milhões de toneladas de cobalto foram extraídas no país de 1844 a 1941. O mineral era extraído principalmente por imigrantes alemães, que o enviavam para a Europa, presumivelmente para fabricar equipamentos militares.

"Estamos nos concentrando na área histórica, onde sabemos que o cobalto era extraído, e vamos desenvolver os nossos recursos a partir de lá", disse Moreno. "Até agora, a hipótese dos geólogos está sendo confirmada: achamos veios de minerais que são longos e profundos."

As amostras mostram densidades de 4 por cento a 12 por cento, disse ele. Em comparação, as densidades da RDC tendem a ser de 2 por cento a 3 por cento, e às vezes de mais de 10 por cento no caso de mineradores artesanais, segundo Heppel, analista sênior de cobalto da CRU Group. Mineradores menores que exploram em outras partes visam operar com densidades de cerca de 0,5 por cento.