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Era Amazon aquece mercado de armazéns em Vancouver

Natalie Obiko Pearson

17/08/2018 09h50

(Bloomberg) -- Esqueça aquele condomínio multimilionário na orla de Vancouver. Em vez disso, invista em armazéns.

A cidade canadense é o mercado de imóveis industriais mais aquecido do mundo, com um aumento de 29 por cento nos aluguéis no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, contra uma média global de 3 por cento. A IKEA e a BMW estão entre as empresas que adquiriram os maiores espaços industriais e logísticos, segundo dados fornecidos pela CBRE Group.

"O setor industrial antes era praticamente uma classe de ativos esquecida", disse Jason Kiselbach, vice-presidente e gerente de vendas da CBRE Vancouver, por telefone. "Mas nós ainda não arranhamos a superfície da demanda, que continuará crescendo e colocará mais pressão sobre o mercado industrial."

Gigantes do comércio eletrônico como a Amazon estão ampliando a necessidade de mais logística e espaço de armazenamento em centros urbanos. A exigência dos consumidores por entregas rápidas para compras on-line está forçando as empresas a terem mais estoque na cidade, onde se dá a parte final da entrega. Essas dinâmicas estão ocorrendo em todo o Canadá e nos EUA.

"Os grandes nomes locais do varejo -- ninguém percebe que tudo o que eles fornecem a você tem que passar por um depósito", disse Kiselbach. "O novo varejo é na verdade uma venda direta do armazém."

Trata-se de uma ótima notícia para os proprietários de imóveis, mas que ressalta que a região metropolitana de Vancouver está ficando sem o tipo de terreno que respalda um em cada quatro empregos -- e muitas vezes alguns dos mais bem pagos. Restrições geográficas, como montanhas e água, são um problema. Mas vastas áreas de propriedades nobres perto da cidade são reservadas para uso agrícola e o novo zoneamento de terras industriais para uso residencial pode resultar em um grande aumento de receita para os municípios.

As projeções do setor indicam que a região pode ficar sem terras industriais em uma década -- alguns afirmam que já em 2020. Se isso acontecer, a economia de Vancouver pode ser esvaziada, o que relegaria a cidade da Costa do Pacífico a um destino para aposentados e turistas ricos, alertou há tempos Robin Silvester, CEO do Porto de Vancouver, o maior do Canadá.

Cada terreno precisa ter pelo menos 9.000 metros quadrados para ter alguma utilidade para a maioria das grandes empresas industriais. Em junho, Vancouver contava com cinco, segundo a CBRE.

"O crescimento dos aluguéis mostra realmente a força da economia -- o crescimento populacional, os gastos do consumidor", diz Kiselbach. Mas acrescenta: "Definitivamente existe o potencial de perdermos alguns benefícios econômicos se não pudermos lidar com o problema de oferta".