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Fábricas de iPhones e laptops se preparam para guerra comercial

Debby Wu

17/08/2018 12h33

(Bloomberg) -- De iPhones a computadores, as empresas que estão por trás de grande parte da eletrônica mundial estão se preparando para transferir partes da produção da China para regiões como Europa Oriental, México e Sudeste Asiático.

O presidente da Foxconn Technology Group, Terry Gou -- que ficou bilionário fabricando os dispositivos da Apple -- deu o pontapé inicial ao abrir uma fábrica de telas de US$ 10 bilhões no coração dos EUA, uma iniciativa que hoje parece presciente. À medida que as tensões entre as duas maiores economias do mundo aumentam, um grupo cada vez maior de seus pares taiwaneses elabora planos para transferir suas produções para o exterior ou planos de contingência para instalações novas e caras.

As maiores corporações de Taiwan são um elo crucial na rede global de fornecimento de tecnologia, montando dispositivos em vastas bases de produção na China, nos quais empresas como HP e Dell colocam suas etiquetas. Nesta última semana, líderes corporativos, entre eles os CEO da Pegatron e da Inventec, declararam em suas teleconferências de lucros que encontraram maneiras de mitigar o impacto de uma guerra comercial. Embora Donald Trump não tenha se concentrado em produtos eletrônicos de consumo, o temor é de que eles sejam incluídos nos próximos US$ 200 bilhões em produtos fabricados na China -- eliminando, nesse processo, margens que já são mínimas.

"Lançamos um mecanismo para reduzir nossos riscos atuais decorrentes de disputas comerciais", disse Liao Syh-Jang, CEO da Pegatron, fabricante de iPhones. A curto prazo, a empresa poderá aumentar sua capacidade na República Tcheca, no México ou em Taiwan. A longo prazo, a empresa poderia se instalar na Índia ou no Sudeste Asiático, acrescentou o diretor financeiro, Charles Lin.

Êxodo

Na verdade, muitos planos de contingência não foram concluídos e os executivos receiam se comprometer com os desafios de mover uma produção de maneira permanente, tanto os logísticos quanto os políticos. Muitas empresas taiwanesas relutam em provocar a China, que na maioria dos casos tem sido uma anfitriã amigável para as corporações de uma ilha que ela considera como parte do país. E há poucos sinais, por enquanto, de um êxodo em grande escala. A Inventec, por exemplo, abrirá pelo menos uma nova fábrica na China, que começará a produzir no ano que vem, disse o executivo da empresa David Ho.

Mas o rufar dos tambores de Trump definitivamente está obrigando as fabricantes a pensarem em alternativas. O presidente da Quanta, Barry Lam, disse que sua empresa poderia aumentar a produção na Califórnia e no Tennessee, nos EUA, ou na Alemanha. O vice-presidente da Compal, Ray Chen, disse o mesmo em relação ao México, Polônia, Taiwan ou Vietnã.

"Em meio à retórica das tarifas, mover os investimentos para o sul é uma solução que faz sentido para as empresas em um momento em que os incentivos da China diminuem gradualmente, o governo taiwanês promove sua política de investimentos no sul e os custos da mão de obra chinesa ficam cada vez maiores", disse Angela Hsieh, economista regional do Barclays Bank em Cingapura.

--Com a colaboração de Samson Ellis, Argin Chang e James Mayger.