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Robôs são vantajosos em mercado de trabalho aquecido dos EUA

Jeanna Smialek

17/08/2018 15h06

(Bloomberg) -- Em vez de deixar os trabalhadores americanos sem emprego, os robôs podem em breve tornar muitos desses trabalhos mais eficientes.

Máquinas inteligentes que percorrem os depósitos dos EUA mostram isso. As empresas usam transportadores automatizados para mover pacotes sem necessidade de recorrer a uma empilhadeira dirigida por um humano. Há alguns anos, a adoção desses robôs significaria uma demissão. Hoje em dia, isso significa uma promoção.

"As pessoas são tão necessárias que é quase impossível substituir um bom trabalhador", diz John Hayes, vice-presidente de vendas e marketing da Vecna Robotics, em Charlotte, Carolina do Norte, nos EUA. A empresa fabrica ajudas mecanizadas para fabricantes e expedidores. "O que eles querem fazer é automatizar as funções mais simples -- transferências ponto-a-ponto --, pegar essas pessoas e levá-las para um trabalho com mais valor agregado."

No início de um ciclo de negócios, os investimentos que aumentam a produtividade podem significar problemas para os trabalhadores: "racionalização" e "eficiência" podem soar como "desemprego" para alguns observadores. Mas neste mercado de trabalho ajustado, o investimento em tecnologia pode aumentar a produtividade e dar às empresas espaço para aumentar os salários sem prejudicar os lucros. Além disso, os funcionários transferidos para posições com treinamento mais intensivo podem ver suas perspectivas profissionais melhorarem.

Desemprego baixo

A taxa de desemprego nos EUA é inferior a 4 por cento pela primeira vez desde 2000 e dados recentes mostram que o país tem mais vagas de trabalho do que americanos desempregados. Em um mercado de trabalho aquecido, as conferências de lucros das empresas estão repletas de queixas por escassez de trabalhadores.

Nesse contexto, o investimento das empresas começou finalmente a aumentar um pouco após uma seca exacerbada pela recessão. O rastreador de gastos de capital do Morgan Stanley registrou uma série de recordes neste ano, o que indica um impulso constante no investimento em equipamentos. Os gastos em estruturas e propriedade intelectual se mantiveram robustos no segundo trimestre.

A produtividade ainda não decolou por causa disso. Apesar de a produção por hora ter crescido a uma taxa anualizada de 2,9 por cento no segundo trimestre, em uma base ano-a-ano a média de ganhos foi de apenas 1,3 por cento desde que a expansão começou em 2009. Isso é inferior ao crescimento médio de mais de 2 por cento da década de 1990 e do começo da década de 2000.

"Do ponto de vista do trabalho, há uma vantagem clara se a velocidade de ajuste for relativamente lenta", disse David Dorn, economista da Universidade de Zurique que pesquisa tecnologia e emprego. "É possível se adaptar a uma nova estrutura ocupacional sem necessidade de fazer muitas demissões."