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Apresentação definirá sucesso de nova promessa da Pfizer

Bailey Lipschultz

23/08/2018 12h46

(Bloomberg) -- Pfizer prometeu boas notícias na semana que vem. Dependendo de quão boas elas forem, o estrondoso sucesso que a ação da maior fabricante de medicamentos dos EUA teve durante o verão no Hemisfério Norte pode se prolongar ou ser interrompido bruscamente.

Uma aguardada apresentação marcada para segunda-feira no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, em Munique, revelará os resultados completos do estágio final de um estudo sobre o uso do tafamidis em uma doença rara e fatal chamada paramiloidose cardíaca associada à transtirretina (TTR).

O laboratório farmacêutico anunciou em março que seu teste de Fase 3 foi um sucesso, mas analistas e investidores aguardam mais dados clínicos para avaliar se ele de fato foi tão impressionante. Será um "sucesso absoluto" se o remédio for eficaz em manter os pacientes vivos e fora do hospital e se ele cumprir outros objetivos, como a distância que os pacientes conseguem caminhar após o tratamento, escreveu Gregg Gilbert, analista do Deutsche Bank.

Os dados do medicamento, que poderia mudar práticas e se tornar um campeão de vendas, podem levar as ações a superar o recente pico de 16 anos, segundo analistas. Para a Pfizer, não há apenas bilhões em jogo: este poderia ser um momento seminal para as empresas farmacêuticas concentradas em expandir a pesquisa interna.

"Isso poderia validar a entrada da Pfizer nessas doenças mais particulares e é importante em muitos aspectos para a empresa", disse Vamil Divan, analista do Credit Suisse, por telefone. Mas "isso é mais do que apenas dados para o setor farmacêutico, de elevada capitalização. Um resultado forte dará um impulso à Pfizer e ajudará o grupo como um todo, melhorando o sentimento sobre a inovação interna".

Mesmo que o benefício para os pacientes seja mais modesto, um médico citado por Gilbert disse que receitaria o tafamidis devido à falta de opções de tratamento, de acordo com uma nota de 21 de agosto.

O número de pacientes afetados pela doença rara permanece incerto, de acordo com médicos e analistas, porque ela é subdiagnosticada. Se o remédio for aprovado e devidamente comercializado, seu mercado hipotético pode chegar a bilhões de dólares, disse Gilbert. Ele projeta que o medicamento poderia chegar ao mercado dos EUA em 2020, com vendas de US$ 1 bilhão por volta de seu quinto ano.

A elevada expectativa de Wall Street pode ofuscar os resultados que os médicos esperam ver e que poderiam levá-los a mudar suas práticas, escreveu Divan em uma nota de 21 de agosto. Os investidores esperam que o tratamento ajude a manter os pacientes vivos e fora do hospital 25 por cento mais que o placebo, quase o dobro da taxa esperada pelos médicos, disse ele.

Concorrência

A apresentação pode dar aos investidores uma ideia de como o AG10, o principal produto rival da Eidos Therapeutics, empresa de biotecnologia com valor de mercado pequeno, se sairá em seu teste de estágio intermediário. Os céticos, incluindo Christopher Marai, do Nomura, discorreram sobre as implicações negativas para o recém-aprovado Onpattro, da Alnylam Pharmaceuticals, que recebeu um rótulo que se aplica a um grupo menor de pacientes.

A Ionis Pharmaceuticals e sua afiliada Akcea Therapeutics também desenvolveram um medicamento contra a TTR. O Tegsedi, que funciona de forma semelhante ao Onpattro, da Alnylam, obteve aprovação europeia em julho e aguarda uma decisão dos EUA até 6 de outubro.