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Preço do carbono dispara e eleva preço da eletricidade na Europa

Rachel Morison e Jeremy Hodges

23/08/2018 13h22

(Bloomberg) -- O custo das emissões de combustíveis fósseis aumentou para o nível mais alto em mais de uma década na Europa, ultrapassando 20 euros por tonelada (US$ 23) e aumentando o custo da eletricidade em todo o continente.

As permissões para a emissão de carbono mais do que quadruplicaram, de menos de 5 euros desde meados de 2017, depois que os governos da União Europeia concordaram em eliminar um excedente que deprimiu os preços desde a crise financeira que começou em 2008. Concessionárias de energia elétrica e poluentes industriais precisam dos certificados para cobrir as emissões de gases causadores de efeito estufa que produzem.

A alta é um lembrete de que os governos de toda a região estão determinados a reduzir as emissões responsáveis pelo aquecimento global, começando com a mudança do setor de energia que usa carvão para combustíveis mais limpos, como o gás natural e as energias renováveis. O resultado tem sido alguns dos preços de eletricidade mais altos em anos no Reino Unido, na França e na Alemanha.

"Este é um marco importante para o sistema de comércio de emissões da UE (ETS, na sigla em inglês) e algo que parecia impossível há apenas um ano", disse Jahn Olsen, analista da Bloomberg New Energy Finance. "Havia a sensação de que a reforma concluída recentemente era a 'última chance' para o ETS. O movimento recente dos preços é um indicador forte de que a UE finalmente acertou."

Disparada

Os contratos de referência para os futuros do carbono aumentaram 4,6 por cento, para 20,70 euros por tonelada, no pregão de Londres, estendendo uma alta de cinco dias.

As medidas da UE podem empurrar os preços para 50 euros por tonelada nos próximos três anos, disse a Carbon Tracker, um grupo de pesquisa sobre mudança climática, na terça-feira. A projeção se une a previsões recentes de ganhos adicionais de mercado, do Berenberg Bank à concessionária alemã de energia elétrica RWE, a maior emissora de gases causadores de efeito estufa da Europa.

Maiores custos de emissão podem fazer com que para as geradoras de energia seja mais barato usar gás natural, que requer cerca de metade das permissões necessárias para queimar carvão, que é mais poluente. Essa demanda pode aumentar os preços do gás, negociados atualmente no nível mais alto para esta época do ano em pelo menos vinte anos.

Oferta

"As compras recentes, quase em pânico, apontam para um alto engajamento especulativo que deve ser seguido por uma correção significativa", disseram analistas do Commerzbank.

Por enquanto, os preços do gás e do carbono estão sendo impulsionados pela forte demanda por essas commodities. A China está comprando mais cargas de gás natural liquefeito, pagando preços superiores aos das concessionárias europeias. O resultado apertou a oferta na Europa, elevando os preços do gás do mês anterior para o maior nível desde dezembro.

Restrições ambientais incentivam as empresas a queimarem mais gás do que carvão. A Alemanha, a França e o Reino Unido estão trabalhando em metas para eliminar completamente o uso de carvão nas próximas décadas. Enquanto isso, o uso desses combustíveis requer que as concessionárias comprem licenças de emissão de carbono, e os analistas estimam que esses preços poderão subir.

A Carbon Tracker prevê preços médios de 35 euros a 40 euros por tonelada de 2019 a 2023. As taxas do mercado poderiam chegar 50 euros nos invernos de 2021 e 2022.

Os futuros do carbono de referência mais do que dobraram neste ano, superando o ganho de 9,7 por cento do petróleo e o avanço de 3 por cento no índice de commodities S&P GSCI.

Repórteres da matéria original: Rachel Morison em Londres, rmorison@bloomberg.net;Jeremy Hodges em Londres, jhodges17@bloomberg.net