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Com Esther George, mulheres ganham destaque em evento do Fed

Jeanna Smialek

27/08/2018 14h32

(Bloomberg) -- Desde 1972, o simpósio anual do Federal Reserve de Kansas City reúne titãs de renome da academia para debater os assuntos econômicos mais difíceis do momento.

Mais ou menos até 2010, os sábios apresentados eram, em sua maioria -- muitas vezes exclusivamente --, homens.

Esther George, que assumiu as rédeas do Fed regional em 2011, mudou isso. Ela trouxe mais programas de diversidade de gênero para a reunião em Jackson Hole e, neste ano, sete dos 21 oradores e líderes do programa de conferências são mulheres. Além disso, ela reúne mulheres participantes informalmente durante a conferência. Antigamente, elas cabiam ao redor de uma mesa em um restaurante do hotel onde o simpósio é realizado; atualmente, o grupo é grande o bastante para se reunir no pátio externo.

"Todos os assuntos sobre os quais conversamos que afetam a economia se beneficiam incorporando um leque maior de perspectivas", disse Esther George a Kathleen Hays, da Bloomberg, em entrevista televisionada antes da conferência deste ano. "Isso inclui trazer mais mulheres para esse debate."

Kristin Forbes, economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e ex-integrante do comitê de políticas do Banco da Inglaterra, presidiu a conferência na sexta-feira e será seguida no sábado por Lisa Cook, economista da Universidade Estadual de Michigan. Entre as mulheres do programa, além da própria Esther George, estão Valerie Ramey, da Universidade da Califórnia em San Diego, Janice Eberly, da Northwestern University, e Antoinette Schoar, do MIT. Claudia Buch, vice-presidente do Banco Central da Alemanha, fará uma exposição no sábado.

Dos 125 participantes do encontro, 24 são mulheres.

Por um lado, a diferença sugere que há espaço para progresso. Por outro, a paridade real seria difícil de alcançar. A profissão de economista é desequilibrada do ponto de vista do gênero desde o ponto de partida. Em todo o país, há cerca de três homens para cada graduada em economia (considerando o total de matrículas de cada gênero, já que as mulheres têm maior probabilidade de fazer faculdade), segundo pesquisas de Claudia Goldin, economista da Universidade de Harvard.

As mulheres também são minoria na liderança de bancos centrais dos EUA, embora tenha havido progresso em relação aos comitês de maioria masculina das décadas de 1980 e 1990.

Esther George é uma das duas presidentes mulheres dos 12 bancos regionais do Fed. O Fed de São Francisco ainda está à procura de um novo presidente e há chances de que o cargo possa ser entregue a uma mulher -- a diretora de pesquisa, Mary Daly, é frequentemente mencionada como uma das principais candidatas. Há uma mulher no Conselho de Governadores do Fed em Washington, Lael Brainard, e outra -- Michelle Bowman -- foi nomeada, mas ainda aguarda confirmação do Senado.

--Com a colaboração de Ye Xie.