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Magnatas das criptomoedas saberão tamanho real de suas fortunas

Blake Schmidt

27/08/2018 11h12

(Bloomberg) -- Alguns dos maiores magnatas das criptomoedas do mundo estão prestes a descobrir o tamanho real de suas fortunas.

Os reservados chefes da Bitmain Technologies, da Canaan e da Ebang International Holdings -- três das maiores fabricantes de equipamentos de mineração de criptomoedas -- enfrentam pela primeira vez a perspectiva do escrutínio do mercado público ao buscarem aberturas de capital em Hong Kong. E a Bitfury, outro peso-pesado do setor, está aberta à ideia de realizar uma oferta pública inicial, mas ainda não tem planos concretos.

Se forem adiante, a venda de ações servirá para saber se as riquezas acumuladas por Jihan Wu, da Bitmain, Zhang Nangeng, da Canaan, e Hu Dong, de Ebang, são sustentáveis ou estão destinadas a desaparecer. Apesar de as três empresas terem desfrutado de um crescimento vertiginoso quando o bitcoin multiplicou seu valor em 15 vezes no ano passado, a criptomoeda e a maioria de seus pares perderam mais da metade do valor em 2018 devido à crescente pressão regulatória e a preocupações com falhas de segurança nas bolsas e com manipulação do mercado.

Existe o risco de um bear market prolongado corroer a demanda pelos chips de computador especializados dessas empresas, usados pelos mineradores para verificar as transações em moedas virtuais em busca de recompensas denominadas em criptomoedas. A Bitmain, a Canaan e a Ebang estão tentando adaptar suas tecnologias para uso em outros campos, como inteligência artificial, mas ainda não conseguiram provar que é possível ampliar a escala das novas aplicações. As ações negociadas publicamente ofereceriam uma medida em tempo real de como os investidores veem suas perspectivas.

"Esses IPOs serão um teste decisivo", disse Rohit Kulkarni, diretor-gerente de pesquisa de investimentos privados da SharePost.

Dada a informação pública limitada sobre os resultados financeiros das fabricantes de equipamentos de mineração de criptomoedas e sobre os outros ativos de seus fundadores, as estimativas pré-IPO da riqueza líquida deles acaba exigindo uma espécie de adivinhação.

A Bitmain, a empresa dominante do setor, planeja um IPO que poderia levantar até US$ 3 bilhões, disseram pessoas a par do assunto neste mês. Wu, o controverso líder da empresa, de 32 anos, disse em entrevista que ele e o cofundador Micree Zhan detêm cerca de 60 por cento do negócio e que a empresa registrou US$ 2,5 bilhões em receitas no ano passado.

Além de vender equipamentos de mineração, a Bitmain também opera alguns dos maiores coletivos de mineração do mundo, nos quais os membros combinam a capacidade de processamento e dividem as recompensas. Não está claro se essa parte do negócio da Bitmain seria incluída em uma venda de ações.

A Bitfury registrou US$ 450 milhões em receita no período de 12 meses até março, segundo um porta-voz. O CEO Valery Vavilov e o cofundador Valery Nebesny compartilham uma fatia majoritária da empresa, disse Vavilov, em entrevista por e-mail.

Três fundadores da Canaã -- Zhang, Liu Xiangfu e Li Jiaxuan -- controlam cada um cerca de 17 por cento da empresa e Hu e sua família detêm 68 por cento da Ebang, segundo comunicados regulatórios. A Canaan e a Ebang já apresentaram pedidos preliminares para a venda de ações em Hong Kong, embora o cronograma dos IPOs não esteja claro e as empresas não tenham a obrigação de levar o processo adiante.

A Bitmain e a Bitfury preferiram não comentar e a Canaan e a Ebang não responderam aos pedidos de comentários.

--Com a colaboração de Kana Nishizawa.