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BC da Rússia tem lição para BC da Turquia: Bloomberg Opinion

Marcus Ashworth

14/09/2018 12h45

(Bloomberg) -- Pelo menos o banco central da Rússia tem uma pessoa adulta no comando. A presidente da instituição, Elvira Nabiullina, surpreendeu a maioria dos economistas e operadores do mercado ao elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual para 7,5 por cento, citando a alta da inflação e o balanço de riscos mais inclinado para a aceleração dos reajustes de preços.

Foi uma resposta comedida à mudança do ambiente externo: a desvalorização do rublo em relação ao dólar estimula o aumento dos preços e pede uma reação da autoridade monetária.

É uma postura bem distinta da exibida pelo banco central da Turquia, que, na quinta-feira, anunciou um surpreendente aumento de 6,25 pontos percentuais nos juros em uma medida desesperada para segurar a depreciação da lira e a inflação descontrolada. Não se sabe se essa decisão por si só será suficiente.

O BC da Rússia fez nesta sexta-feira exatamente o que é preciso para prevenir a aceleração da inflação ? que agora preocupa bem mais do que no início do ano.

O rublo se recuperou pouco mais de 1 por cento em relação ao dólar e não vai subir repentinamente - não é isso o que ocorre com um acréscimo de 0,25 ponto nos juros. Ao suspender a compra de moeda estrangeira até o final do ano, o banco central confirma que não vai pendurar uma pedra em torno do próprio pescoço. Isso é bom para a estabilidade cambial.

O modesto aperto monetário deve estabelecer um piso para o rublo. Contanto que a crise nos mercados emergentes não se agrave ou as sanções à Rússia se intensifiquem, o país tem uma base sólida para melhorar daqui para frente. Ninguém pode dizer o mesmo da lira da Turquia.

Esta coluna não necessariamente reflete a opinião do comitê editorial ou da Bloomberg LP e seus proprietários.