Bilionário abandonou Tencent para dar seu dinheiro a professores
(Bloomberg) -- Para um país que está produzindo bilionários em um ritmo alucinante, o campo da filantropia na China é surpreendentemente insignificante, em parte porque o Partido Comunista tem uma antiga desconfiança em relação a organizações não governamentais.
Isso está começando a mudar à medida que um punhado de bilionários chineses, incluindo Jack Ma, divulgam planos para empreendimentos de caridade ambiciosos. Entre eles está Charles Chen Yidan, um dos cinco fundadores da maior empresa de mídia na internet do país, a Tencent Holdings. Yidan foi diretor administrativo da Tencent e ajudou a criar sua instituição de caridade interna. Em 2013, ele se aposentou para dedicar mais tempo à doação pessoal, concentrando-se principalmente na educação.
Em Hong Kong, no sábado, ele anunciou os vencedores deste ano do Prêmio Yidan, um prêmio anual de 60 milhões dólares de Hong Kong (US$ 7,6 milhões) concedido a pessoas que estão revolucionando a educação de maneira sustentável. Os prêmios recompensam um professor e um pesquisador e são a peça central da fundação beneficente de Yidan, cujo valor é de 2,5 bilhões de dólares de Hong Kong.
Os vencedores deste ano foram Larry Hedges, professor da Universidade Northwestern, nos EUA, que estuda o uso de estatísticas na política educacional, e Anant Agarwal, fundador da plataforma de aprendizagem on-line edX.
Yidan havia conversado com a Bloomberg News sobre filantropia e a importância dos colegas de escola.
Por que educação?
Meu pai era de uma zona rural; ele foi a primeira pessoa da família a ir à universidade. Minha avó insistiu. A educação transformou a vida do meu pai, que, por sua vez, me transformou. A China tinha um vestibular nacional. Se você não fosse bem, não entraria em uma universidade boa. Havia uma pressão intangível da sociedade, da família e dos professores de que esse exame era vital. Agora, a oportunidade de entrar na universidade é muito mais acessível, mas naquela época parecia o único caminho para ter uma vida boa. Se você se formasse em uma boa instituição, o Estado lhe daria um emprego. Essa política de emprego garantido foi suspensa em 1993, ano em que eu me formei. Mas antes disso, se você fosse de uma zona rural, a faculdade era a única maneira de mudar sua vida.
O senhor era um bom aluno?
Eu coloquei muita pressão em mim mesmo. Minhas matérias preferidas eram matemática e chinês. Inglês era a matéria em que eu era mais fraco. As minhas notas em inglês eram regulares, mas não era a minha matéria preferida. A escola não se resume ao que os professores ensinam. Ela também tem a ver com os colegas, as amizades. Eu montei a Tencent com meus amigos da escola, eles foram meus colegas no ensino médio e na universidade. Também foi na universidade que conheci a minha esposa.
O que o levou a se dedicar à filantropia em tempo integral?
Não foi uma decisão fácil. Eu admito que o crescimento da empresa superou em muito as expectativas dos fundadores. No começo, queríamos apenas ter uma presença na internet e fazer bem as nossas operações. Íamos sondando o caminho. Aquele era o meu segundo emprego. Mas foi um período em que a internet estava prestes a explodir na China. Em 2013, a empresa estava crescendo com extrema rapidez e eu ficava imaginando como fazer para pular fora daquele veículo em alta velocidade. Eu sabia que teria um determinado número de anos antes de me aposentar em que meus níveis de energia ainda seriam bons e nos quais eu poderia dedicar tempo para o que era importante para mim -- minha família, a filantropia e a educação. Minha esposa disse para eu ouvir o meu coração. E eu segui o conselho dela. Ela trabalhou para sustentar a nossa família nos primeiros anos e foi ela quem me encorajou a participar da Tencent.
Repórteres da matéria original: Devon Pendleton em Londres, dpendleton@bloomberg.net;Venus Feng em Hong Kong, vfeng7@bloomberg.net
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