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Brexit sem acordo levará profissionais de Amsterdã para Londres

Will Hadfield

18/09/2018 14h44

(Bloomberg) -- O mundo financeiro anda acompanhando a migração de profissionais de bancos de Londres para o continente por causa do Brexit. Mas o divórcio entre Reino Unido e União Europeia também vai transferir empregos na direção contrária. É o que ocorre no segmento de negociação de instrumentos financeiros em alta velocidade, dominado por firmas holandesas.

"Eu anteciparia a inauguração de uma filial em Londres", disse DennisDijkstra, copresidente da Flow Traders. "Depende da severidade do Brexit. Uma parte grande do nosso fluxo vem de Londres. Todos os emissores estão em Londres, incluindo suas equipes de mercados de capitais."

A Flow Traders, maior da Europa na formação de mercado de fundos negociados em bolsa (exchange-traded funds ou ETFs), mostra como o Brexit vem obrigando instituições dos dois lados do Mar do Norte a duplicar infraestrutura e aprovações regulatórias. Algumas devem fazer a transição faltando seis meses ou menos para a efetivação do Brexit. IMC e Optiver, outras grandes negociadoras de ativos com sede em Amsterdã, aguardam maior clareza, mas afirmam que estão preparadas para tomar providências.

No caso de um Brexit sem acordo com a UE, firmas sediadas no Reino Unido perderiam a capacidade de prestar serviços a clientes no bloco e vice-versa. Diante dessa perspectiva, a Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido está revisando solicitações de traders e plataformas de negociação com sede em outros países da UE que pedem aprovação oficial para negociar com firmas britânicas após o Brexit. A Flow Traders está em contato próximo com agentes reguladores.

Força de Amsterdã

Assim que o Reino Unido sair da UE, em março, a capital holandesa se tornará o centro financeiro mais importante do bloco para essas firmas e as plataformas que utilizam. A Bolsa de Valores de Amsterdã é responsável pelo sucesso da cidade como polo para negociação por algoritmos, devido ao grande mercado de opções, rodeado por um ecossistema de firmas locais. Quem trabalha com negociação em alta velocidade atualmente tem suas origens nos corretores que dominavam o pregão onde opções eram negociadas na década de 1980.

"Faremos o que for preciso para proteger nossos interesses no Reino Unido e continuar facilitando nossas contrapartes diretas", afirmou Jan Willem Kohne, responsável pela IMC na Europa, por email. "Se necessário, montaremos uma operação local."

A IMC é uma das maiores do mundo na negociação de opções, juntamente com a Optiver. As duas têm grandes operações de negociação de ETFs na Europa."Estamos monitorando bem de perto os acontecimentos em torno do Brexit e avaliando diferentes cenários de resposta", disse Willem Sprenkeler, gerente de assuntos corporativos da Optiver.

Algumas autoridades reguladoras no continente afirmam que é tarde demais para instituições financeiras que buscam aprovação para atuar em seus mercados. Já a Autoridade de Conduta Financeira está bem mais flexível e dará aprovação temporária para atuação no Reino Unido se as firmas solicitarem permissão em janeiro do ano que vem.

--Com a colaboração de William Canny.