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Questões econômicas serão prioridade, diz filho de Bolsonaro

Rachel Gamarski e Simone Iglesias

10/10/2018 15h18

(Bloomberg) -- Se eleito no dia 28 presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL) irá priorizar a aprovação de medidas econômicas e não vai gastar capital político para avançar com outros temas, disse à Bloomberg o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do candidato à Presidência e um dos principais articuladores do pai. "O Brasil é um avião que está caindo, vamos ser ousados."

Para recuperar a economia o quanto antes, a família Bolsonaro, que se intitula economicamente como de centro-direita, e não de extrema-direita, quer começar a trabalhar logo após o resultado do 2º turno, caso o candidato seja eleito. Segundo Eduardo, não há empecilho para que a reforma da Previdência encaminhada pelo atual governo seja aproveitada. "Queremos começar o ano já tendo aprovado algo, vamos dar o primeiro passo", diz. Em entrevista na terça-feira, o candidato à presidência havia afirmado que o projeto de Michel Temer não seria aproveitado.

Eduardo reforça a ideia do guru econômico da campanha, Paulo Guedes, de unificar a alíquota de Imposto de Renda para as pessoas físicas que ganham acima de cinco salários mínimos. Mas afirma: "a gente não pensa em aumentar tributo em nenhuma hipótese". Ele também engrossa o coro de que não há plano B para o economista. "Aí eu vou ter que repetir meu pai: não tem como entrar num casamento já pensando no fim."

Comprometido com a redução da máquina pública e da diminuição de cargos, se eleito, Bolsonaro irá reduzir para 15 o número de ministérios, hoje em 29. "Uma boa parte será de militares e não tem problema nenhum nisso. O general Augusto Heleno deve indicar o ministro da Defesa e há boa chance de o general Oswaldo Ferreira ser o novo ministro da Infraestrutura."

Ainda sem um convite formal, o comando do Banco Central poderá continuar nas mãos do atual presidente, Ilan Goldfajn. "Depende se ele vai aceitar ou não. A gente elogia muito a equipe atual do Banco Central. Não sei se Paulo Guedes chegou a conversar com Ilan, mas a ideia seria mantê-lo", disse Eduardo.

Questionando a destinação dos recursos que hoje integram os bancos públicos, o clã dos Bolsonaro pretende começar o governo fazendo uma auditoria no BNDES, instituição que eles acreditam ser uma "caixa-preta".

Com a estratégia de agrupar as bancadas, mas não partidos específicos, o deputado federal diz que em um eventual governo Bolsonaro conversará com todas as legendas, mas exclui partidos que considera "radicais" - PT, PCdoB e PSOL. A estratégia para a aprovação de temas polêmicos passará por conversas entre as bancadas e diz que será feito o possível para aprovar matérias positivas para a economia do Brasil.

"Se a gente não conseguir alterar a Constituição via emenda constitucional, vamos colher os frutos disso, vamos ser a nova Grécia. Eu vou fazer a minha parte. Não vou pegar um FAL, não vou pegar um M-16, um AR-15 e vou fuzilar o Congresso. Vou lamentar muito, mas o pessoal mais pobre é que vai sofrer."

Admirador dos EUA e de Israel, o deputado federal usa com frequência exemplos sobre o país norte-americano para falar das estratégias de campanha de um eventual governo Bolsonaro. É o caso da retomada do emprego, que ele acredita que pode ser forte como acontece agora nos EUA. Para isso, a ideia é criar segurança jurídica e desburocratizar. "Acredito que a gente consiga trazer onda de otimismo e gerar empregos."

Para quem questiona se um eventual governo do capitão da reserva do Exército daria um golpe militar, o recado do deputado federal é: "Isso é uma questão de confiança". "Não há sentido em achar que Jair Bolsonaro vai dar um golpe usando as Forças Armadas. As Forças Armadas servem ao Brasil, não a um partido ou uma pessoa. Se ele tivesse esse poder todo, dá o golpe agora. Por que ele está participando de eleição, se estressando, se expondo?"

O sistema de votação brasileiro também é questionado pelo PSL. Depois de duvidar se há ou não fraude nas eleições, o parlamentar afirma que, se seu pai for eleito, irá sugerir uma mudança no sistema, com a impressão dos votos para que seja possível auditar o resultado.

Deputado federal mais votado em São Paulo, Eduardo Bolsonaro quer continuar com suas funções como parlamentar. "Não vou assumir pasta nenhuma. Sou deputado e continuarei. Tem pessoas mais qualificadas do que eu."