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Netflix e Amazon dão pouco espaço a retardatários no streaming

Gerry Smith

18/10/2018 11h37

(Bloomberg) -- Para garantir o entretenimento de sua família de quatro pessoas, Ben Emery paga cerca de US$ 180 por mês pelo serviço de internet e TV Spectrum, além de Netflix, Amazon Prime e Hulu. Ele usa Amazon principalmente pelo frete gratuito e Hulu em parte porque sua filha de 5 anos gosta de "Teen Titans Go".

"Netflix e Hulu chegaram cedo, então é aí que estou disposto a investir meu dinheiro", disse Emery, de 41 anos, um agente de risco bancário que mora em Kernersville, na Carolina do Norte. "Eu não tenho fundos ilimitados."

Consumidores como Emery representam uma verdade inconveniente para a florescente indústria de vídeos on-line. Apenas 16 por cento dos lares dos EUA com banda larga assinam três ou mais serviços de vídeo, de acordo com a empresa de pesquisa Parks Associates. E quase dois terços dos televisores residenciais já contam com pelo menos um dos três maiores serviços, Netflix, Amazon Prime ou Hulu, segundo a Nielsen.

Esse é o dilema para o crescente número de provedores, calculado atualmente pela Parks Associates em cerca de 200 só nos EUA. Apenas na semana passada, a AT&T anunciou que lançará um serviço com a HBO e outra oferta de sua recente compra da Time Warner, e Jeffrey Katzenberg, um magnata de Hollywood, revelou detalhes de sua próxima oferta exclusiva de vídeos de curta duração. Ambos vão estrear no final do próximo ano - mais ou menos na mesma época do lançamento do novo canal on-line da Walt Disney.

"Sem dúvida, é possível dizer que a oferta é excessiva", disse Laura Martin, analista da Needham & Co.

Executivos de mídia afirmam acreditar que o campo digital é grande o suficiente para alojar mais serviços pagos de vídeo. Eles apostam que o número crescente de usuários que abandonam a TV a cabo ampliará a quantidade de clientes. Mas também admitem que os gastos do consumidor têm limites.

Espaço para mais

John Stankey, chefe da WarnerMedia, da AT&T, disse na semana passada que achava que o mercado poderia sustentar entre dois a dez serviços de vídeo on-line. A gigante da telefonia o colocou no comando da Warner Bros., da HBO e da Turner Broadcasting depois de concluir a aquisição da Time Warner por US$ 85 bilhões.

"O que eu sei é que temos que estar nesse grupo", disse ele na New Establishment Summit da Vanity Fair em Beverly Hills, na Califórnia.

A Netflix e a Amazon já têm uma liderança substancial, com mais de 130 milhões e 100 milhões de assinantes em todo o mundo, respectivamente. A Netflix já está presente em quase metade dos lares dos EUA. Apenas um pequeno número de outros serviços pagos de streaming, como HBO Now, conquistou mais de 5 milhões de assinantes.

À medida que mais serviços on-line entram no páreo, alguns estão registrando uma desaceleração do crescimento. O Sling TV da Dish Network - o mais popular dos substitutos da TV a cabo, chamados de "pacotes magros" - acrescentou apenas 41.000 assinantes no último trimestre, em comparação com 120.000 no ano anterior.

Crescimento no exterior

Embora a Netflix tenha adicionado mais assinantes que o esperado no último trimestre, a maior parte de seu crescimento veio do exterior. Alguns canais pagos, como o serviço da Warner Bros. para os dramas coreanos, DramaFever, e o Seeso, serviço da NBC com foco na comédia, fecharam.

O mercado dos EUA "pode estar quase saturado" em termos de novos lares dispostos a pagar por streaming, de acordo com Tony Maroulis, gerente de pesquisa da Ampere Analysis. Isso significa que o crescimento dependerá dos consumidores dispostos a pagar por mais de um serviço, disse ele.