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Auditores alemães criticam mudanças energéticas de Merkel

Brian Parkin

19/10/2018 13h40

(Bloomberg) -- O tribunal de contas da Alemanha criticou a iniciativa da chanceler Angela Merkel de transferir a matriz do país para energia limpa, afirmando que a política ampliou os gastos com eletricidade em US$ 180 bilhões desde 2013, mas praticamente não alterou as emissões de dióxido de carbono.

Em relatório publicado nesta semana no site do Parlamento alemão, o órgão que fiscaliza o orçamento do governo federal defendeu uma reforma radical da política energética do país depois que veio à tona a amplitude do fracasso da política de redução da poluição.

O governo de Merkel corre o risco de perder a confiança em sua capacidade de administrar a política "se os custos da mudança energética continuarem subindo e os objetivos não forem cumpridos", afirmou o tribunal. O direito dos auditores independentes de fiscalizar e repreender as políticas do governo está ancorado na constituição, mas o órgão não tem poderes executivos.

O ataque do órgão de fiscalização aumenta a pressão para que Merkel reformule as ferramentas usadas há quase duas décadas pela Alemanha para promover a energia limpa. As contas de eletricidade dos consumidores estão subindo e podem disparar depois que o governo estabeleceu novas metas para as energias eólica e solar para 2030. Os custos de construção ligados à atualização da rede nacional também serão repassados aos consumidores.

A taxa suplementar da energia limpa -- paga nas contas de luz --, que financia projetos eólicos, solares e de biomassa, subirá para 27 bilhões de euros (US$ 31 bilhões) no ano que vem, um recorde, informaram as operadoras da rede nesta semana.

As principais recomendações dos auditores são:

Que a Alemanha implemente a taxação do dióxido de carbono em todo o setor como ferramenta mais eficaz para acelerar a redução da poluição e distribuir os custos da descarbonização da economia;

Adequar melhor política energética e metas climáticas: o Ministério da Economia e Energia atualmente gerencia a política energética, enquanto a política climática está nas mãos do Ministério do Meio Ambiente. O trabalho dividido mina os esforços para a redução do dióxido de carbono e infla os custos de energia.

Em resposta ao relatório, o Ministério da Economia e Energia afirmou que "compartilha fundamentalmente da opinião de que um preço único para o dióxido de carbono em todo o setor poderia levar a uma redução das emissões com bom custo-benefício".