IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Oásis de Churchill no Marrocos será privatizado, dizem fontes

Souhail Karam

29/10/2018 14h17

(Bloomberg) -- O Marrocos conta com a ajuda de Alfred Hitchcock e Winston Churchill para levantar dinheiro.

O governo planeja vender no ano que vem uma participação de 51 por cento no La Mamounia Hotel, um antigo palácio de Marrakesh transformado em hotel cinco estrelas que durante décadas recebeu líderes como Charles de Gaulle e a elite de Hollywood, segundo duas pessoas a par do plano. Elas preferiram não se identificar porque a venda ainda não foi formalmente aprovada pelo gabinete do reino, que passa por dificuldades financeiras.

O governo deverá fixar um preço mínimo e solicitar ofertas em algum momento de 2019, disse uma das pessoas a par do plano. A participação majoritária atualmente é mantida pelo monopólio estatal das ferrovias e entre os acionistas minoritários estão o fundo estatal de gestão de investimentos, a Caisse de Dépôt et de Gestion (CDG) e o conselho municipal de Marrakesh.

O hotel é um negócio rentável há muito tempo, mas deixou de distribuir dividendos aos acionistas por oito a 10 anos, até 2017, devido principalmente ao pagamento de empréstimos obtidos para financiar uma grande reforma, disse o prefeito de Marrakesh, Mohamed Larbi Belkaid, em entrevista por telefone.

"Trata-se de um lugar histórico e emblemático para Marrakesh e para a indústria hoteleira global", disse.

O La Mamounia, apontado em fevereiro de 2018 como um dos "Sete hotéis históricos mais importantes do mundo" pela revista de design de interiores Architectural Digest, tem um passado célebre. O palácio em estilo Art Déco era um dos favoritos de Churchill, que, segundo a revista, certa vez o descreveu para Franklin Roosevelt como "um dos lugares mais bonitos do mundo".

Os quartos do hotel podem custar a partir de cerca de 600 euros (US$ 684) por noite e as suítes podem chegar a 5.530 euros por noite. A noite em um riad, uma mansão tradicional marroquina, custa cerca de 6.500 euros, segundo o website do hotel.

Além de acolher dezenas de celebridades do primeiro escalão como Marlene Dietrich, Ray Charles, Paul McCartney e Elton John, o palácio de 95 anos, que foi um presente de casamento do pai para o príncipe Al Mamoun, serviu de cenário para filmes como "O Homem que Sabia Demais", de Hitchcock, e "Alexandre", de Oliver Stone.

Khadija Borara, porta-voz da empresa ferroviária conhecida pela sigla em inglês ONCF, preferiu não comentar. Najat Saher, funcionário do departamento de privatizações do Ministério de Finanças e Economia, não deu retorno às ligações em busca de comentários. O jornal L'Économiste noticiou que o governo avaliou o hotel em pelo menos 3 bilhões de dirhams (US$ 315 milhões). Mas, segundo Belkaid, não foi feita nenhuma avaliação.

O hotel, outrora o carro-chefe do setor de hotelaria de luxo do Marrocos, perdeu um pouco do brilho nos últimos anos -- vítima do impulso de promover a pitoresca cidade de Marrakesh, com suas crescentes conexões com aeroportos europeus, como um destino para o ano inteiro para um leque maior de turistas.

"Se essas paredes pudessem falar, certamente teriam algumas histórias para contar", diz um folheto do La Mamounia.