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Conselhos 100% masculinos são cada vez mais raros no Reino Unido

Suzi Ring e David Hellier

12/11/2018 15h04

(Bloomberg) -- Os conselhos formados completamente por homens estão perto da extinção nas maiores empresas do Reino Unido, um sinal de que os esforços do governo para ampliar a paridade de gênero estão surtindo efeito.

Apenas cinco empresas do FTSE 350 Index não têm nenhuma mulher no conselho, contra oito em 2017, segundo dados do relatório anual Hampton-Alexander Review, que será divulgado na íntegra na terça-feira. O número caiu drasticamente desde 2011, quando 152 conselhos eram formados apenas por homens.

Entre as empresas que resistem à tendência estão a Millennium & Copthorne Hotels, a companhia imobiliária Daejan Holdings e dois fundos de investimento. A Daejan citou como motivo para a ausência de mulheres no comando o fato de os proprietários serem judeus ortodoxos.

"A menos que sejamos forçados a fazer algo diferente, as chances de escolhermos uma mulher são bastante pequenas", disse Mark Jenner, secretário da Daejan.

A Millennium & Copthorne entrou na lista após as saídas da CEO e de uma diretora não executiva nos últimos meses. Um porta-voz disse que a empresa tem "o objetivo de resolver a questão da diversidade de gênero o quanto antes".

Os responsáveis pelo relatório ficaram animados com a quantidade de transgressores do ano passado que se diversificaram, e empresas como a Sports Direct International e a Euromoney Institutional Investor saíram da lista. Mas eles ainda receberam algumas desculpas decepcionantes das empresas pelo fato de não terem mais mulheres nos conselhos.

As empresas explicaram a ausência de mulheres em seus conselhos afirmando que "elas não se encaixam", "elas não querem esse aborrecimento" e "todas as boas já foram embora", segundo os comentários ouvidos pelos autores do Hampton-Alexander Review, publicados em maio pelo Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial do Reino Unido.

Apesar do progresso nos conselhos, o número de CEOs mulheres no FTSE 100 permaneceu em seis pelo terceiro ano seguido. Moya Greene deixou o cargo de CEO da Royal Mail em junho e Carolyn McCall foi substituída por um homem na EasyJet.

Continua havendo disparidades também nos salários. O Dia da Igualdade Salarial do Reino Unido, no sábado, marcou o momento do ano correspondente à diferença salarial média entre gêneros, após o qual o trabalho das mulheres pode ser visto como não remunerado.

O Reino Unido tem feito um grande esforço nos últimos anos para aumentar a igualdade para as mulheres no ambiente de trabalho. Uma nova lei aprovada em abril que obriga todas as empresas com pelo menos 250 funcionários a informar as diferenças médias entre os salários de homens e mulheres aumentou a transparência. A diferença salarial diminuiu de 18,6 por cento no ano passado para 17,9 por cento em 2018, informou o Escritório de Estatísticas Nacionais do Reino Unido no mês passado.

"Melhorar a igualdade de gênero no ambiente de trabalho não é apenas a coisa certa a se fazer, mas também faz sentido do ponto de vista comercial", disse a ministra da Igualdade do Reino Unido, Susan Williams, por e-mail. É "fundamental que os empregadores usem o processo de denúncia para identificar as barreiras enfrentadas pelas mulheres no ambiente de trabalho e tomar medidas".

Repórteres da matéria original: Suzi Ring em Londres, sring5@bloomberg.net;David Hellier em Londres, dhellier@bloomberg.net