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Moral de funcionários do Facebook leva novo golpe

Sarah Frier

16/11/2018 14h51

(Bloomberg) — Na quinta-feira, os funcionários do Facebook voltaram a trabalhar após outro escândalo corporativo.

Na noite anterior, o New York Times informou que Sheryl Sandberg, a diretora operacional do Facebook, trabalhou nos bastidores para impedir que o conselho da empresa e o público entendessem toda a extensão da campanha de desinformação da Rússia na rede social.

Os funcionários estão acostumados ao microscópio público. Mas dessa vez foi diferente, disseram eles: o artigo levava os leitores para as salas de reuniões e para os corredores do Congresso, onde os principais executivos da empresa estavam tomando decisões questionáveis. Durante o almoço, os funcionários caminhavam de cabeça baixa pelas cafeterias da sede da empresa em Menlo Park, na Califórnia — mais silenciosa do que o normal. Mas os celulares tocavam sem parar.

A maior parte das comunicações no Facebook ocorre na versão da rede social no local de trabalho da empresa, em vários grupos empresariais. Mas quando a notícia é sobre a liderança do Facebook, alguns funcionários acham mais fácil falar sem serem identificados. Eles usaram o Blind, o aplicativo anônimo de bate-papo para funcionários, para manifestar suas preocupações, de acordo com capturas de tela obtidas pela Bloomberg. Na quinta-feira, as conversas estavam cheias de indignação. Como Sandberg — e o CEO Mark Zuckerberg — não viram o risco que a empresa corria? E como ele lidaram tão mal com tudo isso?

Cansados de erros

Causa frustração, segundo alguns funcionários, que as coisas que a empresa precisa fazer para resolver problemas de imagem pública — como contratar pessoas para revisar conteúdo prejudicial e limitar a coleta de dados — deprimam ainda mais o crescimento e, portanto, o preço das ações. Em uma pesquisa com funcionários em outubro, 52 por cento disseram estar otimistas sobre o futuro do Facebook, contra 84 por cento no ano anterior, de acordo com números revelados pela primeira vez em uma matéria do Wall Street Journal nesta semana. Zuckerberg disse aos funcionários em reuniões internas que eles estão fazendo o correto com uma visão de longo prazo.

"Tem sido um período difícil, mas todos os dias nós vemos pessoas se unindo para aprender as lições dos últimos 12 meses e construir uma empresa mais forte", afirmou o Facebook em comunicado. "Todos no Facebook têm uma participação em nosso futuro e estamos muito concentrados trabalhando para oferecer produtos ótimos e proteger as pessoas que os usam."

O artigo do Times sugeria que Sandberg e Zuckerberg não estavam envolvidos como deviam com os sérios problemas que a empresa estava enfrentando e que, ao contrário, estavam mais preocupados em continuar defendendo a reputação do Facebook. Sandberg, particularmente, estaria trabalhando para impedir que o conselho e o público ficassem sabendo muito sobre a campanha russa e, depois, liderar um agressivo esforço de lobby para afastar os críticos. Zuckerberg respondeu a perguntas sobre sua tomada de decisão em uma comunicação com a mídia na quinta-feira.

"Sugerir que não estávamos interessados em saber a verdade, ou que estávamos tentando esconder o que sabíamos, ou que tentamos evitar investigações, é simplesmente falso", disse Zuckerberg.