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Ex-chefe do Tesouro venezuelano perde casas, cavalos e relógios

David Voreacos e Fabiola Zerpa

22/11/2018 14h52

(Bloomberg) -- O ex-secretário do Tesouro da Venezuela que admitiu ter aceitado propinas de um bilionário magnata da televisão vai abrir mão de luxos de sua fabulosa vida no sul da Flórida, incluindo imóveis, cavalos de exposição, relógios caros e contas bancárias no exterior.

Alejandro Andrade Cedeño, que foi secretário do Tesouro da Venezuela de 2007 a 2010, declarou-se culpado em um esquema de lavagem de dinheiro de US$ 1 bilhão, no qual venezuelanos ricos converteram bolívares em dólares através de um sistema de câmbio manipulado. Posteriormente, eles transferiram o dinheiro para fora do país assolado por uma crise econômica paralisante.

O Departamento de Justiça dos EUA detalhou o alcance da riqueza corrupta de Andrade ao divulgar seu caso na terça-feira e revelar que ele cooperou com os promotores. Eles também anunciaram a acusação de Raúl Gorrín Belisario, o bilionário dono da rede de televisão Globovisión, e a declaração de culpa de Gabriel Arturo Jiménez Aray, um venezuelano que era dono do Banco Peravia na República Dominicana.

"Os alvos dessa investigação são indivíduos ricos e poderosos que usaram vários instrumentos financeiros para movimentar seu dinheiro pelo mundo afora", disseram os promotores em documento de 13 de junho sobre Jiménez que foi divulgado na terça-feira.

Aliado de Chávez

Andrade, que já foi guarda-costas do falecido ex-presidente Hugo Chávez, admitiu ter aceitado suborno quando administrava o Tesouro para desviar contratos para corretoras que realizavam o câmbio de bolívares. Andrade escolhia quais corretoras venderiam títulos da carteira do Tesouro denominados em dólares americanos. Seus conspiradores podiam assim "obter lucros substanciais nas transações de câmbio", segundo documentos judiciais.

Mesmo depois que Andrade se mudou em 2012 para Wellington, na Flórida, os subornos continuaram até novembro do ano passado, disse ele ao se declarar culpado.

Seu acordo de delação premiada exige que ele seja privado do império imobiliário no condado de Palm Beach e dos cavalos que possibilitaram que seu filho, Emanuel, se tornasse um cavaleiro olímpico. Andrade vai abrir mão de uma propriedade de mais de dois hectares em um condomínio fechado e de 17 cavalos com nomes como Tinker Bell, Bonjovi e Anastasia Du Park.

Ele entregará seu Mercedes Benz GLS 550 2017 e outros nove carros, além de três dúzias de relógios de fabricantes como Rolex, Hublot e Franck Muller. Ele será privado de contas suíças no BSI Bank e no EFG Bank e também de contas em três grandes bancos dos EUA.

Andrade, de 54 anos, era um aliado próximo de Chávez e o ajudou no golpe de Estado de 1992. Ele liderou o banco de fundos sociais da Venezuela e ocupou outros cargos financeiros antes de se tornar secretário do Tesouro. Seus oponentes o acusaram do tipo de corrupção e suborno que ele admitiu nos EUA, mas ele escapou de acusações formais de corrupção na Venezuela.

Andrade poderá enfrentar até 10 anos de prisão quando for sentenciado em 27 de novembro, mas provavelmente será condenado a menos tempo por ter cooperado.

Repórteres da matéria original: David Voreacos em Newark, dvoreacos@bloomberg.net;Fabiola Zerpa em Caracas Office, fzerpa@bloomberg.net