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Cidade viking redefine os mercados de eletricidade da Europa

Jesper Starn

23/11/2018 15h27

(Bloomberg) -- Em um dia de outono ensolarado e com muito vento, dezenas de traders de energia observam atentamente as telas nos escritórios de um pequeno porão e de alguns dos prédios mais luxuosos da cidade dinamarquesa de Aarhus.

A maioria dos operadores tem 20 a 30 anos e faz parte de uma nova geração que busca ganhar dinheiro prevendo as fortes oscilações dos preços da eletricidade causadas por mais algumas horas de sol ou por uma nova rajada de vento. A transição sem precedentes da Europa em direção à energia renovável ajudou a quadruplicar a atividade no maior mercado da região de eletricidade entregue no mesmo dia no ano passado.

Não é coincidência que esses homens e mulheres tenham se reunido na segunda maior cidade da Dinamarca, fundada pelos vikings e conhecida por suas casas centenárias de madeira e por sua grande universidade. Foi aí que Henrik Lind, uma lenda desse mundo, fundou sua empresa especializada trading de curto prazo em 2004, onde muitos deles começaram a trabalhar. Lind continuou sendo o proprietário da maior parte da Danske Commodities até a empresa ser vendida por US$ 470 milhões para a gigante norueguesa do petróleo e gás Equinor neste ano.

Lind estimulava os funcionários incentivando-os a se verem como empreendedores e dando muita responsabilidade aos que estavam começando. Essa é uma das principais razões pela qual eles fundam suas próprias empresas, disse Simon Rathjen, que lançou a MFT Energy há dois anos.

"Lá aprendemos os fundamentos do trading de eletricidade e agora estamos fazendo isso sozinhos", disse Rathjen. "O espírito empreendedor naquele momento nos deu as ideias e os sonhos para tentar fazer isso por conta própria."

Expansão

Depois de obter um lucro de 9 milhões de coroas (US$ 1,2 milhão) no ano passado, Rathjen contratou os ex-executivos da Danske, Torben Nordal Clausen, como presidente, e Cagdas Ozan Ates, como diretor-executivo. Ele também colocou 13 funcionários trabalhando em um modelo de parceria e a empresa está ampliando seu escritório no último andar, em cima da estação de trem da cidade, com vista para a prefeitura.

As empresas empregam mais de 300 pessoas em Aarhus nesse nicho de mercado, divididas em pelo menos seis empresas, incluindo a Danske. Muitas se especializam em ajudar os produtores de energia a manter a rede equilibrada. Combinam os excedentes e os déficits negociando entre fronteiras nacionais e embolsam uma parte da arbitragem.

O mercado tem se expandido à medida que mais países adotam energia renovável para cumprir metas climáticas mais rigorosas. E como, às vezes, países como a Alemanha e o Reino Unido geram a maior parte da eletricidade com energia solar e eólica intermitente, os desafios para as concessionárias de energia elétrica e para as redes são consideráveis -- tanto no que se refere ao gerenciamento da oferta e da demanda quanto no modo de lidar com riscos de preços.