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Ex-funcionário reclama publicamente de racismo no Facebook

Rebecca Greenfield, Nico Grant e Sarah Frier

28/11/2018 14h58

(Bloomberg) — Quando Mark S. Luckie escreveu um longo memorando interno para explicar como era difícil ser negro e trabalhar no Facebook, ele esperava algum tipo de mudança - ou pelo menos uma resposta do CEO ou da COO.

"A privação de direitos dos negros na plataforma do Facebook reflete a marginalização de seus funcionários negros", escreveu ele. "A discriminação racial no Facebook é real."

Em vez disso, ele recebeu uma mensagem privada de Ime Archibong, um dos funcionários negros de maior escalão no Facebook, dizendo que a experiência de Luckie talvez não seja representativa e levando o memorando para o lado pessoal.

"Acho que estou apenas confuso e muito magoado porque votei a favor de sua contratação, estava inspirado com sua disposição em fortalecer a comunidade, e esse post simplesmente parece muito disparatado", escreveu Archibong.

Frustrado, Luckie foi a público. Ele postou seu memorando e a resposta de Archibong nas redes sociais na terça-feira, sentindo que seria impossível mudar o Facebook sem uma pressão maior. Agora, ele disse que vai abandonar o setor de tecnologia e se mudar para Atlanta.

"Estou cansado", disse ele em uma entrevista. "Fui contratado por essas empresas porque trago experiência, perspectiva, produtividade e percepção dessas comunidades sub-representadas. Mas toda vez que eu entro, não há nenhum espaço para realmente fazer o que eu quero que seja feito."

No post, Luckie, que trabalhou como gerente de parcerias durante um ano, descreveu as maneiras pelas quais a rede social exclui usuários e funcionários negros.

Funcionários atuais e antigos de grandes empresas de tecnologia estão cada vez mais dispostos a falar publicamente sobre os erros cometidos por seus empregadores e suas políticas injustas. Isso ganhou força nos últimos meses, e o setor foi acusado de abusar de seu poder. Funcionários do Google assinaram uma carta aberta na terça-feira em que pediram que a empresa abandone os planos de um produto de pesquisa chinês que censuraria os resultados.

O Facebook divulgou um comunicado na terça-feira sobre o memorando de Luckie.

"Temos trabalhado diligentemente para aumentar o leque de perspectivas entre aqueles que constroem nossos produtos e atendem às pessoas que os utilizam em todo o mundo", disse Anthony Harrison, porta-voz do Facebook. "O crescimento na representação de pessoas de grupos mais diversos, trabalhando em muitas funções diferentes em toda a empresa, é um fator fundamental de nossa capacidade de ter sucesso."

Quatro por cento da força de trabalho do Facebook nos EUA é negra, afirmou a empresa em julho, um aumento em comparação com dois por cento em 2014. Em cargos técnicos, essa proporção cai para 1 por cento. O Facebook publicou seu primeiro relatório sobre diversidade no local de trabalho em 2014, juntamente com um post em que a empresa afirmou que estava "completamente comprometida a alcançar uma maior diversidade" em sua força de trabalho e em todo o setor.

Repórteres da matéria original: Rebecca Greenfield em Nova York, rgreenfield@bloomberg.net;Nico Grant em São Francisco, ngrant20@bloomberg.net;Sarah Frier em San Francisco, sfrier1@bloomberg.net