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Fornecedores da Apple estudam mudar se tarifa disparar: Fontes

Debby Wu

13/12/2018 11h33

(Bloomberg) -- Os fornecedores da Apple continuarão fabricando iPhones na China se os EUA aplicarem tarifas aos aparelhos -- a menos que essas cobranças disparem.

Os fornecedores calculam que poderão manter a produção na China a um nível tarifário de 10 por cento, mas estudarão sair do país se os EUA passarem a cobrar 25 por cento, segundo pessoas a par do assunto. A Apple e seus parceiros estão avaliando as cadeias de abastecimento em um momento em que os EUA e a China brigam sobre as condições comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Os iPhones -- cuja maioria é fabricada pela parceira de montagem Hon Hai Precision Industry na China e enviada a todo o mundo -- foram poupados da guerra comercial até o momento. Mas o presidente dos EUA, Donald Trump, disse ao Wall Street Journal no mês passado que poderiam ser aplicadas tarifas a smartphones e laptops fabricados na China, a maior fabricante de eletrônicos do mundo.

A Apple usa a China há tempos como base de produção para tudo, desde seu principal aparelho, o iPhone, até iPads e Macs. A cadeia de abastecimento da empresa atualmente abrange centenas de empresas, culminando em montadoras como Hon Hai e Pegatron. A Apple não respondeu aos pedidos de comentários. Hon Hai e Pegatron preferiram não comentar.

As parceiras de fabricação da Apple estão basicamente comprometidas com os desejos da empresa americana. A migração de partes da extensa rede que elas sustentam será difícil e a empresa americana parece estar à espera dos acontecimentos por enquanto, disse uma das pessoas. Uma parceira da Apple já sugeriu lugares alternativos para a produção não relacionada ao iPhone, mas a empresa dos EUA indicou que não existe grande necessidade de realizar uma mudança do tipo por enquanto, disse outra pessoa.

Isso pode mudar se as tarifas subirem, uma perspectiva atualmente incerta considerando que Washington e Pequim estão iniciando negociações espinhosas a respeito de um acordo comercial que poderia cancelar uma série de tarifas implementadas neste ano. A Apple, já diante de evidências cada vez maiores de que sua linha mais recente de iPhones não animou os consumidores, pode ter problemas em caso de um forte aumento nos impostos de importação.

Uma tarifa de 10 por cento poderia resultar em uma queda nos lucros por ação de apenas US$ 1 para a Apple se todos os aparelhos vendidos nos EUA virassem alvo do imposto e se a empresa absorvesse o custo, escreveu o analista do RBC Amit Daryanani, em nota de pesquisa de 28 de novembro. O resultado contrasta com a estimativa média de lucro por ação da Apple em 2019, de US$ 13,32, segundo dados compilados pela Bloomberg.

No entanto, um cenário mais severo de tarifa de 25 por cento -- absorvida pela Apple -- pode resultar em um declínio do lucro por ação de cerca de US$ 2,50, acrescentou o analista.

Em seus primeiros anos à frente da Apple, Tim Cook respondeu a perguntas a respeito do aumento da produção nos EUA, dizendo que os conjuntos de habilidades na China eram mais propícios à fabricação dos produtos da empresa. Mas nos últimos meses ele mudou de opinião, afirmando em entrevista concedida neste ano que "não é verdade que o iPhone não é fabricado nos EUA". Alguns componentes, como a tampa de vidro do smartphone, são produzidos nos EUA e enviados para montagem na China.