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Facebook enfrenta maior pressão de Washington sobre privacidade

Erik Larson e Daniel Stoller

20/12/2018 13h00

(Bloomberg) — O Facebook enfrenta uma pressão cada vez maior sobre suas medidas de proteção à privacidade. O Distrito de Colúmbia processou a companhia na quarta-feira por seu modo de lidar com os dados de usuários, exemplificado pela violação de privacidade na qual informações pessoais de milhões de americanos foram transferidas para a Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política contratada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na campanha de 2016.

O processo alega que o Facebook violou a Lei de Procedimentos e Proteção do Consumidor do distrito como resultado da falta de supervisão, por parte da empresa, dos aplicativos de terceiros. A ação chegou poucas horas depois da publicação de uma reportagem bombástica do New York Times que afirma que a gigante das redes sociais permitira, inclusive depois do escândalo da Cambridge Analytica, que mais de 150 empresas tivessem acesso a dados pessoais de uma quantidade de usuários maior que a divulgada, o que desencadeou novos pedidos para o Congresso dos EUA entrar em ação.

"Está mais que óbvio neste momento que as plataformas de rede social simplesmente não estão à altura da tarefa de garantir voluntariamente a privacidade e a segurança de seus usuários", afirmou o senador Mark Warner, da Virgínia, em tweet na quarta-feira. "O Congresso deve intervir."

O Facebook foi atormentado o ano inteiro por perguntas sobre suas medidas de proteção à privacidade, e as ações da companhia sofreram mais um impacto na quarta-feira. Revelações sobre sua resposta à manipulação da rede social antes e depois da eleição presidencial dos EUA em 2016 e contradições nas informações sobre a violação da privacidade dos usuários abalaram a reputação da empresa e aumentaram a frustração em Washington. Os legisladores vêm ameaçando há algum tempo impor novas regulamentações para controlar o Facebook, e parece que o New York Times só reforçou isso.

"Estamos analisando a queixa e esperamos continuar nossas discussões com procuradores gerais em Washington e em outros lugares", afirmou o Facebook. Separadamente, em resposta à reportagem do New York Times, a empresa com sede em Menlo Park, na Califórnia, informou que "nenhum desses recursos ou parcerias deu às empresas acesso a informações sem a permissão das pessoas".

'Usuários em risco'

O procurador geral de Washington, Karl Racine, que entrou com a ação, disse em comunicado que "o Facebook coloca os usuários em risco de manipulação ao permitir que empresas como a Cambridge Analytica e outros aplicativos de terceiros coletem dados pessoais sem a permissão dos usuários".

O processo de Racine pede uma ordem judicial que impeça o Facebook de violar a lei, bem como o pagamento de restituição e indenizações não especificadas. Embora outros estados dos EUA estejam investigando o papel do Facebook no escândalo da Cambridge Analytica, nenhum deles divulgou suas conclusões ainda, e Racine disse em uma entrevista coletiva depois de entrar com o processo que não há planos para uma investigação multiestadual sobre as práticas de privacidade da empresa.

—Com a colaboração de Ben Brody.

Repórteres da matéria original: Erik Larson em N York, elarson4@bloomberg.net;Daniel Stoller em NY, dstoller1@bloomberg.net