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Ex-trader de Wall Street acha nicho para saquê longe do sushi

Kate Krader

16/01/2019 14h44

(Bloomberg) -- Quando Yumiko Munekyo era vice-presidente da Nomura Holdings, em 2011, ela levava clientes para restaurantes sofisticados de sushi em Manhattan. Eles invariavelmente pediam junmai daiginjo, o mais alto nível de saquê, que também costuma ser o mais caro, mas que nem sempre é a opção mais interessante ou adequada.

Munekyo sabia disso, tendo crescido na região de Hokuriku, no Japão, um centro do saquê artesanal, o jizake. Os principais restaurantes japoneses de Nova York quase nunca ofereciam esse tipo de saquê. "Eles serviam principalmente daiginjo, que é feito de arroz altamente polido e, por isso, é elegante e floral, bom para acompanhar alguns peixes, mas não para carne", diz ela. "Eu queria saquês diferentes para harmonizar com a comida, como os vinhos."

Em 2013, ela e o marido, Jason Geiger, diretor executivo da Nomura, fundaram a Sake Suki, uma empresa que importa marcas de saquê menores para os EUA.

Até agora eles tiveram sucesso no topo da hierarquia dos restaurantes de Nova York. O Le Bernardin, pomposo restaurante de frutos do mar de Manhattan, oferece o encorpado saquê Manzairaku Junmai Ginjo com um aperitivo de hamachi tartare com caviar osetra em seu menu de degustação. "O saquê sem dúvida dá o que falar", diz Aldo Sohm, diretor de vinhos do Le Bernardin. Ele prefere saquê ao tradicional champanhe e diz que a bebida japonesa harmoniza os diferentes sabores e texturas do tartare e do caviar. A garrafa é vendida por cerca de US$ 85.

As seleções da Sake Suke também foram adotadas pelos restaurantes japoneses modernos da cidade. O Sushi Noz, premiado com uma estrela Michelin, oferece o "100 Year Sake" da Nishide Shuzo, feito com fermento natural da fabricante e reconhecível por sua elegante garrafa de porcelana pintada à mão. Custa cerca de US$ 145. "O detalhe e o design da garrafa estão em perfeita sintonia com o etos do Sushi Noz", diz o coproprietário Joshua Foulquier, que admira a abordagem não convencional da importadora.

Mas as aspirações da Sake Suki são maiores. O objetivo, segundo os fundadores, é ir além dos restaurantes de sushi e dos menus omakase e chegar ao mercado de massa. Pense em pizzarias, lanchonetes e muito mais.

Munekyo começou sua carreira como analista de vendas no Goldman Sachs em Tóquio antes de se mudar para os EUA, e esse treinamento contribui para seus negócios atuais. "Eu negociava mais de 30 moedas e continuo fazendo o câmbio entre dólar dos EUA e iene para comprar nosso saquê das fabricantes", diz ela. "Eu verifico os mercados e vejo a programação de eventos para decidir o momento de fazer as transações."

As garrafas da Sake Suki, importadas exclusivamente pela empresa, estão disponíveis em Nova York, na Califórnia e no Texas, tanto em lojas de vinhos quanto em restaurantes. Seus planos de expansão incluem Las Vegas, Flórida e Illinois. Para tornar o saquê acessível - e para conquistar consumidores traumatizados pelo saquê quente de baixa qualidade e pela bombas de saquê -, as etiquetas na parte posterior das garrafas estão em inglês e fornecem informações sobre a fabricante, além de comentários sobre como servir e degustar.