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Como o setor de transporte de cargas está limpando a sujeira

Jason Clenfield e Kyunghee Park

18/01/2019 14h50

(Bloomberg) -- A poluição atmosférica gerada por carros e fábricas é regulada em boa parte do mundo desde os anos 1970. Mas no que diz respeito aos navios, que impulsionam o comércio global espalhando fumaça, as regras têm sido muito mais relaxadas.

No entanto, grandes mudanças começarão em janeiro do ano que vem, quando os padrões há tempos debatidos pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) exigirão grandes cortes nas emissões de enxofre associadas a doenças respiratórias e à chuva ácida. Regras muito mais duras deverão entrar em vigor em 2050, quando a IMO exigirá que os navios reduzam também as emissões de dióxido de carbono pelo menos pela metade.

O teto para o ano que vem, em si, poderia evitar 150.000 mortes prematuras e milhões de casos de asma em crianças a cada ano, segundo pesquisa publicada na revista Nature. Além disso, custará dezenas de bilhões de dólares para um setor que avança lentamente quando o assunto é meio ambiente.

Como a necessidade é a mãe da invenção, algumas das empresas mais conservadoras do mundo estão começando a fazer experimentos com combustíveis mais limpos e tecnologias de ponta. A seguir, mostramos algumas das novas e corajosas ideias em termos de transporte ecológico:

1. Velas!

A A.P. Moller-Maersk estuda usar uma versão moderna das antigas velas para ajudar a impulsionar seus navios. Os dispositivos, que estão sendo testados em um dos gigantescos petroleiros da Maersk, parecem mais com colunas de mármore do que com qualquer coisa que se esperaria ver em um iate tradicional. Juntos, os dois cilindros de 10 andares de altura podem aproveitar o vento e substituir 20 por cento dos combustíveis fósseis do navio, segundo a Norsepower Oy, que os fabrica.

2. Bolhas sob o casco

Assim como as fabricantes de veículos estão ajustando a aerodinâmica de seus veículos para melhorar o rendimento do combustível, os construtores navais também estão tentando reduzir a fricção entre o casco e a água. A otimização do formato do casco é uma estratégia. Outra, que está sendo testada por empresas como Samsung Heavy Industries e Mitsubishi Heavy Industries, é liberar bolhas a partir de pequenos orifícios na barriga do navio, que atuariam como um lubrificante para ajudá-lo a atravessar a água com mais eficiência. Seria como flutuar em um tapete de ar.

3. Limpadores robóticos

Desde os primórdios das viagens marítimas, os marinheiros são incomodados por limo, craca e outros organismos que crescem nos cascos. Todas as maiores empresas de transporte de carga estão usando robôs submarinos para remover esses detritos e melhorar a eficiência do combustível.

4. Combustível de hidrogênio

A maior construtora naval do mundo, a Hyundai Heavy Industries, anunciou no ano passado que está desenvolvendo motores movidos a hidrogênio para seus enormes navios. A tecnologia está em sua infância, mas o conceito será colocado à prova ainda neste ano, quando uma pequena embarcação que está sendo anunciada como a primeira balsa de passageiros movida a célula de combustível, a Water-Go-Round, começar a operar na baía de São Francisco. Há sistemas de balsa baseados em hidrogênio planejados também na Noruega e nas remotas ilhas de Orkney, na Escócia.

--Com a colaboração de Sharon Cho, Gregory Turk, Dan Murtaugh, Dong Lyu e Hannah Dormido.

Repórteres da matéria original: Jason Clenfield em Tóquio, jclenfield@bloomberg.net;Kyunghee Park em Cingapura, kpark3@bloomberg.net